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Albina Fernandes

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Data da primeira prisão

Também conhecida por Albina Pato ou Albina Fernandes Pato, usava o pseudónimo “Rosália”. Nasceu em Soissons, França em 5 de janeiro de1928 e faleceu em Lisboa em 2 de outubro de 1970.
Combatente da Resistência francesa e ativista comunista, a quem a PIDE infligiu violentas torturas psíquicas, Albina Fernandes foi julgada no dia 17 de novembro de 1962, na sequência da prisão em 15 de dezembro de 1961, no mesmo dia que o companheiro Octávio Pato, embora em locais diferentes.
Sem ter a quem os confiar, levou os filhos Isabel e Rui, de seis e dois anos, e manteve-os junto de si em Caxias: deitava-os no único divã e “descansava de joelhos no chão e com as mãos agarradas aos pulsos deles, para que não lhos tirassem” [A Forças Ignorada das Companheiras, p. 30], segundo descrição da própria a Maria Rodrigues Pato, a quem entregou os netos. Quando foi presa com os filhos, Albina Fernandes desencadeou uma luta com os agentes da Pide para que as crianças fossem entregues aos avós paternos na sua presença. Ameaçada de lhe tirarem os filhos para serem entregues numa instituição, dado os pais não serem casados e os registos estarem irregulares devido à situação de clandestinidade em que viviam. Só a 10 de janeiro de1962 lhe foi autorizada a entrega das crianças aos avós.
Numa das fotografias de identificação da PIDE, vê-se como Albina Fernandes recusava largar o seu bébé. 
Condenada “na pena de prisão maior, na variável de 3 anos, na fixa de suspensão de direitos políticos durante quinze anos e no mínimo de Imposto de Justiça e na medida de segurança de internamento de seis meses a três anos prorrogável” [“Biografia Pri¬sional”], acabou por permanecer seis anos e sete meses na Cadeia de Caxias.
Em novembro de 1966, numerosos cidadãos assinaram uma peti¬ção a solicitar a sua libertação, atendendo a ter já cumprido a pena a que tinha sido condenada e ao debilitado estado de saúde em que se encontrava. Só lhe foi concedida a liberdade condicional a 9 de julho de 1968, sendo solta a 11.
Albina, com o seu sistema nervoso extremamente debilitado pelos anos de prisão, não resistiu à angústia de uma vida constantemente adiada. Suicidou-se no dia 2 de outubro de 1970, situação denunciada pela Circular n.º 6, de 23 de outubro de 1970, da Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos.
A mesma Comissão, em telegrama enviado ao Presidente do Conselho Marcelo Caetano e subscrito, entre outros, por Cecília Areosa Feio, Maria Eugénia Varela Gomes e Sophia de Mello Breyner Andresen, responsabi¬lizou diretamente o Governo pelo “trágico acontecimento, consequência não só longa prisão sofrida condições desumanas como cruel expec¬tativa quanto à situação de seu marido Octávio Rodrigues Pato preso há nove anos cumprindo agora medidas de segurança” [Presos Políticos – Documentos 1970-1971].
O seu funeral constituiu uma impressionante manifestação de pesar e protesto contra o fascismo.
Cecília Areosa Feio sublinhou, em depoimento a Gina de Freitas, a importância de recordar Albina Fernandes, que “foi uma combatente da Resistência francesa, foi uma militante ativa no Partido Comunista Português, lutou na clandestinidade, foi presa, sofreu seis anos de prisão, foi libertada, lutou corajosamente pela libertação do seu marido e contudo não conseguiu resistir às tortu¬ras que sofreu e que lhe causaram perturbações graves no sistema nervoso” [A Força Ignorada das Companheiras, 1975].
Sofia Ferreira, por seu lado, responsabilizou o médico da PIDE José Godinho Gama Barata pelo falecimento precoce de Albina Fernandes, por não lhe ter prestado “nenhuma assistência, apesar de ter sido testemunha visual de inúmeras crises nervosas e psíquicas que ela teve na prisão” [testemunho recolhido por Rose Nery Nobre de Melo, Mulheres Portuguesas na Resistência, 1975.