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António Barreto Areosa Feio

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19570
Data da primeira prisão

Destacado militante comunista, dedicou a sua vida à luta pelo derrube do fascismo.
António Barreto Areosa Feio nasceu em Vila Nova de Gaia, a 4 de agosto de 1922, filho de Eduardo Rodrigues Areosa Feio e de Maria Eugénia Barreto Areosa Feio. Faleceu a 20 de junho de 2019. 
Ainda criança vem com os pais para Lisboa e frequentou o ensino liceal no Liceu Camões. Entretanto seu pai, militar e ex-professor do Colégio Militar, que fora transferido de Peniche - onde cumpria pena de residência fixa - para Sines, consegue fundar um colégio na vizinha vila de Santiago do Cacém e António vai frequentar esse colégio. Muito jovem, aos doze, treze anos, começa a tomar consciência política e, em Sines, tem como amigos alguns comunistas mais velhos, que irão influenciar as suas escolhas ideológicas. Iniciou os estudos de Engenharia Civil no Instituto Superior Técnico, em Lisboa, mas concluiu no Porto a licenciatura, na Faculdade de Engenharia do Porto, devido ás suas atividades políticas. 
Foi dirigente associativo da sua escola e, ainda muito jovem, em 1945, já integrava a Comissão distrital do MUD. Participou na fundação do MUD-Juvenil, de cuja Comissão Central iria fazer parte, em 1947 e 1948, entre outros com Júlio Pomar, Mário Soares, Octávio Pato, Óscar dos Reis, Rui Grácio, António Abreu e Salgado Zenha. Em fevereiro de 1948 integrou a Comissão de Emergência do MUD, com Câmara Reis, Irene Lisboa e Francisco Keil do Amaral, constituída para assegurar os trabalhos daquele Movimento, face à prisão dos membros da Comissão Central pela PIDE. Em 1949 integrou a Comissão Central do MND-Movimento Nacional Democrático, que, entretanto, se afirmara, no rescaldo das movimentações populares em torno da candidatura presidencial do general Norton de Matos e enquanto plataforma de luta antifascista.
Preso pela primeira vez em 1946, acusado de pertencer ao Partido Comunista desde fins de 1942, foi julgado no Tribunal Plenário de Lisboa e condenado a 18 meses de prisão. Preso de novo em 1949, é condenado e, em fins de junho de 1953, sai em regime de liberdade condicional, por três anos. Depois de libertado manteve a atividade política: fez parte da Comissão Nacional para a Defesa da Paz (1950) e pertenceu às comissões eleitorais das candidaturas à Presidência da República de Norton de Matos (1949), Ruy Luís Gomes (1951), Arlindo Vicente (1958) e Humberto Delgado (1958). 
Em 1959, assinou, com outros oposicionistas, um documento, datado de 18 de março, em que se pedia a Salazar que, por ocasião da sua última lição em Coimbra, se verificasse «também o seu afastamento da vida política». De novo preso em 1963, é julgado no Tribunal Plenário de Lisboa, sendo então condenado a 24 meses de prisão, que cumpriu integralmente. 
Nas eleições de 1969 foi candidato por Beja nas listas da CDE e, nas eleições de 1973, candidato da Oposição por Évora.
Em 1971 foi um dos subscritores do panfleto «Ao Povo de Lisboa», que denunciava a situação dos presos políticos. Nesse mesmo ano, foi coautor e signatário de uma representação enviada a Marcelo Caetano acerca do recenseamento eleitoral. (Os signatários constituíram-se depois em Comissão Democrática de Recenseamento). Em maio de 1972 foi também um dos subscritores de um manifesto intitulado «A Situação Política Portuguesa e o Fracasso do Reformismo», apreendido pela PIDE/DGS e, por isso, foi interrogado pela polícia política. 
Em 1973, fez parte da Comissão Nacional do III Congresso da Oposição Democrática, realizado em Aveiro, e apresentou uma tese intitulada «Significado do III Congresso da Oposição Democrática». 
Depois do 25 de Abril, foi presidente do Fundo de Fomento da Habitação, chefe de gabinete dos secretários de Estado da Habitação e Turismo, no III e no V governos provisórios, respetivamente Nuno Portas e Fernando Vicente; e, no IV Governo Provisório, desempenhou as mesmas funções junto do secretário de Estado da Administração Local, Celso Pinto de Almeida. Dedicou-se depois ao movimento sindical, primeiro no Sindicato dos Trabalhadores de Hotelaria, depois na União dos Sindicatos de Lisboa e no Sindicato dos Trabalhadores da Função Pública do Sul e Açores.

(Helena Pato agradece a Maria Helena Rocha Soares a fotografia e a colaboração que foi prestada).