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Apresentação

A ditadura implantada em Portugal com o golpe militar de 28 de maio de 1926 exerceu o seu poder através da repressão. Criou polícias políticas com amplos poderes persecutórios e absoluta impunidade. Encarcerou e deportou dezenas de milhares de cidadãos. Recorreu sistematicamente à tortura, física e psicológica. Assassinou, em manifestações de rua ou nos calabouços das várias polícias, muitos dos que se lhe opunham. Criou "tribunais" especiais que garantiram a continuidade dos intentos policiais, acusando e condenando milhares de pessoas. Instituiu uma censura férrea aos meios de comunicação social e a diferentes atividades culturais e artísticas. Perseguiu e encerrou coletividades populares que não se submetiam aos ditames oficiais. Espoliou ou destruiu os pertences de pessoas singulares e coletivas cujas casas e instalações assaltou. Instalou campos de concentração em todas as colónias. Prosseguiu uma violenta repressão colonialista, cuja real dimensão ainda se desconhece, acompanhada por massacres de populações que se opunham à política vigente ou, pura e simplesmente, lutavam pela sua dignidade.

O Campo de Concentração do Tarrafal (oficialmente designado Colónia Penal de Cabo Verde)- depois crismado de Campo de Trabalho de Chão Bom - permanece como exemplo maior de toda essa política fascista. Aberto em 1936, estará em funcionamento até 1954, essencialmente dirigido à repressão de combatentes anti-fascistas. Reaberto em 1961, acolheu nas suas celas nacionalistas de Angola, Guiné e Cabo Verde e apenas será libertado no 1.º de maio de 1974.

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Este dossier dedicado ao Campo de Concentração do Tarrafal, integra o Memorial dos Presos e Perseguidos Políticos, que já lhe dedicara artigos (Cárceres do Império), além de cerca de 60 notas biográficas de presos que por lá passaram - agora aumentadas para cerca de 380 notas biográficas, incluindo já numerosas dos presos da Fase II do Campo. Pretende-se, gradualmente, enriquecer a informação, recolhendo designadamente testemunhos de outros presos e dados de contextualização necessários.

Sobre os presos referenciados e respetivas notas biográficas, pesquise em Presos Fase I e em Presos Fase II.

Desde já, disponibiliza-se também o documentário Tarrafal - Memórias do Campo da Morte Lenta, que, precisamente, se fez das memórias dos antigos presos, filmados nesse espaço confinado em que viveram durante anos, “fechados como se fôssemos cabras, com um fosso à volta, arame farpado e um muro, com os nosso irmãos, armados, a guardar-nos" - pretende ser um retrato daquele campo de concentração na sua II fase (1961-1974).

Esperamos poder vir a dispor proximamente de outros filmes, em função da eventual libertação dos direitos que sobre eles recaiam e de parcerias que se possam estabelecer com as entidades possuidoras desses direitos.