Filho de Matilde Marques e de Joaquim Marques, nasceu em Lisboa, em 1893.
Serralheiro, foi preso, pela primeira vez, em 14 de setembro de 1927 por estar envolvido na organização de um movimento revolucionário contra a Ditadura Militar, mobilizando sargentos e reunindo-se com o Dr. Pires de Carvalho, o sargento-ajudante Fontes e o 1.º sargento Jeremias.
Deportado para Angola quatro dias depois, regressou ao fim de 15 meses, em 13 de dezembro de 1928.
Novamente preso em 14 de maio de 1930, por ter mantido reuniões com "elementos revolucionários" no Arco do Bandeira, saiu em liberdade em 10 de junho.
Em maio de 1932 era procurado, juntamente com José Maria Teixeira Cadão, por estar envolvido na tentativa de libertação dos presos José Maria Videira (1.º sargento reformado) e José Severo dos Santos (ex-sargento da Armada), detidos na Esquadra de Alcântara. Da acusação, constava o fornecimento de pistolas e metralhadoras ao grupo que os devia soltar.
Andou fugido quase um ano, sendo preso pela terceira vez, em 5 de maio de 1933, "por ser um elemento muito activo na organização do movimento revolucionário em preparação, onde actuava como agente de ligação do ex-comandante Sarmento de Beires".
Nas declarações prestadas aquando da prisão, terá confirmado o envolvimento nos preparativos para a libertação dos detidos na Esquadra de Alcântara, que tinha sido Custódio Maldonado de Freitas quem o aliciara para tal e que a acção não se concretizara "por falta de probabilidades de êxito", tendo tido contactos com Nestor da Assunção e o chauffeur Joaquim Martins.
Segundo as mesmas declarações, esteve escondido na Quinta da Formiga, onde permaneceu até julho de 1932; ficou alguns dias em casa de Maria Rabaça Loureiro, através de quem travou conhecimento com Sarmento de Beires; e refugiou-se em Alpiarça mediante contactos com Renato Pinhão, que conhecera através de Júlio Pinto de Oliveira. Nesta localidade, usou o nome José Joaquim Pereira.
Em Alpiarça, devido à ligação a Sarmento de Beires, teria ficado encarregado de arranjar bombas, tendo, então, estabelecido contactos para esse fim com, entre outros, Joaquim Martinho do Rosário (Santarém), António José da Silva Fialho, António Jorge (Santa Ana), João Gaspar (Cartaxo), Simão Piteira Varela, Renato Pinhão (Alpiarça), Abel Pinhão, António Dias (Almeirim), Custódio Dias (Almeirim), João Pereira dos Santos.
Voltou para Lisboa em finais de fevereiro de 1933, mas regressou a Alpiarça e a Almeirim para recuperar o material já conseguido, tendo sido acompanhado, entre outros, pelo chauffeur Jaques Carlos Ferreira Isasca e Augusto Porfírio Cardoso. As bombas, o clorato e o antimónio ficaram, depois, guardados em Sacavém, em casa de João da Ana, sendo aí que a polícia descobriu o material explosivo.
Muitos dos nomes referidos atrás não constam do Registo Geral de Presos, sendo que António Marques fez parte da leva de 143 presos políticos que, em 19 de novembro de 1933, embarcou no vapor Quanza, fundeado a cerca de 500 metros da praia sul de Peniche, com destino à Fortaleza de São João Baptista, em Angra do Heroísmo, onde chegou três dias depois.
Julgado nos Açores pelo TME de 21 de agosto, foi acusado de conspirar com Sarmento de Beires e outros para derrubar o governo e fabricar e transportar bombas e condenado a 14 anos de degredo numa das Colónias e multa de vinte mil escudos. A pesada pena refletia o juízo de que "há muitos anos se dedica a manejos revolucionários, o que levou o Governo a deportá-lo para as Colónias por ser um elemento indesejável para a ordem pública".
Interpôs recurso, mas a sentença foi confirmada pelo mesmo Tribunal em 30 de agosto.
Integrou, em 23 de outubro de 1936, a primeira leva de presos políticos que seguiu para o Campo de Concentração do Tarrafal, de onde só sairia em 6 de Julho de 1949, com destino ao Forte de Peniche.
Embora o tempo de prisão a que fora condenado terminasse em 1 de outubro de 1950, só saiu em liberdade condicional em 26 de abril de 1951. A liberdade definitiva só a obteve três anos depois, por sentença de 30 de abril de 1954.
No Tarrafal, segundo Edmundo Pedro nas suas Memórias, António Jorge Marques "colaborara em várias iniciativas de Bento Gonçalves, nomeadamente na construção da pequena fábrica de produção de gelo e, mais tarde, na tentativa, inacabada com a morte do Bento, de construir um barco de ferro. Fora ele que montara, sob a supervisão daquele meu infausto amigo e camarada, o cavername, em cantoneira e ferro T, destinado a receber as chapas metálicas, provenientes dos bidões de transporte do gasóleo, que serviriam para revestir o casco do barco".
Libertado, "bastante envelhecido" quando teria "perto de sessenta anos", "sem familiares próximos" e vivendo "numa extrema miséria", procurou Edmundo Pedro no início da década de 50 e trabalhou alguns anos com ele na empresa Vóltio, Lda, da qual aquele era sócio, aproveitando a sua experiência de "excelente serralheiro civil".
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Cfr. Edmundo Pedro, Memórias - um combate pela liberdade, vol. II, Âncora Editora, 2011