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Arnaldo Simões Januário

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Data da primeira prisão

Militante da União Anarquista Portuguesa, morre no Campo de Concentração do Tarrafal, depois de anos de luta e sofrimento. A sua vida foi uma admirável lição de coragem e generosidade. 

Arnaldo Simões Januário nasceu em Coimbra a 6 de junho de 1897. Barbeiro de profissão, militante operário e anarquista, morreu no Campo do Tarrafal a 27 de março de 1938, vitimado por uma biliose anúrica, sem qualquer assistência médica nem medicamentosa, depois de muitos e duros anos de combates nos cárceres da ditadura e na deportação. 
Foi um propagandista e um organizador dos sindicatos e da luta operária, em Coimbra. Militante libertário da União Anarquista Portuguesa, colaborou nos jornais A Batalha, A Comuna, O Anarquismo, O Libertário e na revista Aurora
Foi preso pela primeira vez em 1927, na sequência da repressão que se abateu sobre o movimento operário, após o 28 de maio de 1926. A partir dessa data e até 1931, foi privado da liberdade por diversas vezes, passando pelas cadeias do Governo Civil de Coimbra, do Aljube, da Trafaria e sofreu deportações para as colónias de Angola, Açores e Cabo Verde, acabando por ser internado no Campo de Concentração de Oekussi-Ambeno em Timor em 22 de outubro de 1931. Em 1933 foi posto em liberdade e regressou a Coimbra. Sem desfalecimento, prosseguiu a sua campanha em prol do movimento operário e contra a ditadura, sendo um dos organizadores do movimento grevista insurrecional de 18 de janeiro de 1934, que na Marinha Grande e em Coimbra sofreu particular dureza repressiva.
Acusado de intensa propaganda subversiva, que culminou em comício tendente à preparação do levantamento do 18 de janeiro, e de transportar bombas de dinamite, foi preso em 26 de janeiro de 1934 e encarcerado no Aljube, onde foi barbaramente torturado, designadamente pelo pide Fernando Gouveia e outros torcionários. Quando a "maioria [dos grevistas] perdia os sentidos", Arnaldo Januário, "num gesto nobre e altivo, declarou perante os seus carrascos que tomava inteira responsabilidade pela organização do Movimento Grevista que tinha por fim derrubar a ditadura". Tal facto determinou que apanhasse "tanta pancada que caiu sem sentidos em frente dos seus companheiros de cárcere, sendo ali, covardemente pisoteado pelos esbirros” [in Edgar Rodrigues, O Retrato da Ditadura Portuguesa, 1960].
Enviado para o presídio militar da Trafaria, julgado e condenado a 20 anos de degredo numa das colónias, foi enviado, em 8 de setembro de 1934, para a Fortaleza de S. João Baptista, na Ilha Terceira.
 

Aí, com o seu companheiro Mário Castelhano, foram ambos acusados de agitação, sendo castigados na “poterna” durante 15 dias e 15 noites, a mando do guarda/polícia capitão Paz. 
A 23 de outubro de 1936, Arnaldo Januário é um dos presos transferidos para o Campo de Concentração do Tarrafal, em Cabo Verde.
Destruído fisicamente e sem cuidados médicos, sucumbe a uma biliosa, a 27 de março de 1938, continuando firme nas suas convicções. Estava rodeado dos seus companheiros e longe da família onde haviam ficado cinco filhos menores.