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Artur Rodrigues Paquete

Artur Rodrigues Paquete
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Data da primeira prisão

Nasceu em Almancil, Loulé, a 28 de maio de 1906, filho de Ercília da Rosa e de António Rodrigues Paquete.
Em 1927, cumpriu como soldado, durante seis meses, o serviço militar em Lagos, no Batalhão de Infantaria 33, e Faro, em Caçadores 4, tendo emigrado para Espanha nesse mesmo ano. Aí permaneceu até 1930, ano em que seguiu para França, onde viveu até 1938.
Em Puy-de-Dôme, na região de Clermont-Ferrand, aderiu à CGT e filiou-se no Partido Comunista Francês em 1935, tendo frequentado um curso político de três meses e escrito, segundo o próprio, alguns artigos no periódico La Montagne. Por fim, trabalhou como mineiro em Saint-Etienne e residia, com a mulher e filhos em Villars (Vaucluse). Mantinha, ainda, contactos com a Federação dos Emigrados Portugueses, sediada em Paris, através de António Ferreira.
Por intermédio do Partido Comunista Francês, chegou a Espanha em 31 de maio de 1938 «para lutar contra o fascismo», integrando a 14.ª Brigada, 2.º Batalhão, 1.ª Companhia. 
Terá participado, como soldado, na Batalha do Ebro, permanecendo cerca de três meses na frente: 2 meses em Tortosa e 18 dias na Serra de Pàndols. A sua conduta foi considerada boa e pediu a admissão ao Partido Comunista Espanhol. 
Aquando do repatriamento para França, o Comité dirigente do Partido da XII Brigada Internacional, onde predominavam os italianos, assinalou-o como «disciplinado, sério, corajoso» e «simpatizante comunista, muito activo, inteligente», com «nível político elevado».   
Desempenhou as funções de comissário do "Centro de Desmobilização dos Camaradas Portugueses" em Torelló, na Província de Barcelona. Em dezembro de 1938, recebeu ordens para se deslocar com os portugueses das Brigadas Internacionais que com ele estavam para Puig-Alt de Ter, onde se havia estabelecido um campo para aqueles e cujo comandante era o Major Inácio Augusto Anta, que viria a ser morto numa câmara de gás, no Campo de Concentração de Sachsenhausen, no norte da Alemanha, em fevereiro de 1945.
No campo de desmobilização de tropas estrangeiras N.º 3, em Puig-Alt de Ter, Artur Paquete foi nomeado, por unanimidade, por soldados e oficiais, comissário político, tendo como uma das preocupações a formação cultural dos soldados ali reunidos. Terá, então, entrado em conflito com Inácio Augusto Anta por este pretender, de forma aventureira, formar uma unidade militar de voluntários para fazer a revolução em Portugal.
Atravessou os Pirenéus em direção a França no início de 1939, juntamente com centenas de portugueses, ficando no campo de internamento de Argelès-sur-Mer, onde manteve algum papel de destaque. 
Por já ter vivido em França, foi-lhe permitido abandonar campo mas, em janeiro de 1940, voltou a ser internado, desta vez no Campo Vernet d'Ariège onde, com o início da Segunda Guerra, foram mantidos os estrangeiros considerados perigosos à ordem pública francesa, antifascistas e brigadistas.
Provavelmente por ter sido repatriado, Artur Rodrigues Paquete foi preso em 6 de maio de 1941 e transferido para o Aljube em 3 de junho [Processo 885/941]. Em 8 de julho, passou para Caxias e, no mês seguinte, 6 de agosto, foi enviado para Peniche, onde permaneceu dez meses.
Regressou a Caxias em 19 de junho de 1942 para embarcar, no dia seguinte, para o Campo de Concentração do Tarrafal, onde ficou três anos e quatro meses.
Abrangido pela amnistia de 18 de outubro de 1945, voltou a Lisboa no paquete "Guiné", tendo desembarcado em 1 de Fevereiro de 1946. 
Libertado, declarou que iria viver para Almancil. 
Desconhece-se o seu percurso posterior, não sendo de excluir o regresso a França, onde tinha família.