Filho de João Manuel Miranda e de Teodelinda Ferreira Soares Miranda, nasceu a 30 de março de 1921 no concelho de Ribeira Grande, na Ilha de Santo Antão,
Foi professor primário em Portugal (Nazaré) e seguidamente na Guiné-Bissau, onde desempenhou as funções de inspector escolar. Em Bissau, suspeito de estar ligado ao PAIGC, foi objeto de um processo com base em factos inventados e detido por longos meses na cadeia de Bissau, juntamente com outros elementos nacionalistas, nomeadamente Rafael Barbosa.
Após sua libertação viajou para Portugal e, posteriormente, em 1966 para a França, onde se encontrou com Amílcar Cabral, de quem recebeu orientações para regressar a Cabo Verde e integrar as estruturas clandestinas do PAIGC. A sua missão era preparar as condições para possibilitar o desembarque e a ação posterior dos combatentes que se encontravam a receber preparação militar em Cuba.
Antes, porém, deslocou-se a Conakry para uma curta estadia de trabalho no Secretariado do PAIGC a fim de se documentar para as tarefas de que foi incumbido.
De volta a Cabo Verde, Lineu Miranda instalou-se na localidade de Chã de Arroz em Santo Antão onde juntamente com Carlos Tavares, Jaime Schofield, Silas Miranda e outros camaradas deu início ao trabalho de mobilização dos camponeses e reconhecimento do terreno com vista a um desembarque de guerrilheiros do PAIGC.
A ação política era coordenada com o grupo de S. Vicente tendo à frente Luís Fonseca, e que incluía Osvaldo Custódio, Bernardo Oliveira (Beitz), Dante Mariano, Nelson Santiago Gomes, Carlos Alberto Fonseca e outros combatentes que nessa altura desenvolviam intensa atividade de mobilização contra o poder colonial.
A agitação que começou a resultar do trabalho do grupo de Santo Antão junto da população acabou por alertar a PIDE que, entretanto, conseguiu infiltrá-lo com um elemento provocador e localizar onde se encontravam guardados alguns documentos do PAIGC, levando à prisão de Lineu Miranda e vários dos seus camaradas, tanto os de Santo Antão como os do grupo de S. Vicente. Todos foram sujeitos a longos e violentos interrogatórios com recurso aos conhecidos métodos de tortura empregados pela PIDE.
Por absoluta ausência de provas alguns dos detidos viriam a ser soltos meses depois, embora permanecendo sob apertada vigilância da polícia política. A PIDE organizou um processo que remeteu ao Tribunal Militar acusando Lineu Miranda e três dos seus camaradas (Carlos Tavares, Jaime Schofield e Luís Fonseca) de crimes contra a segurança interna e externa do Estado.
Todos os arguidos foram condenados pelo Tribunal Militar em 1969 a penas de prisão e medidas de segurança, tendo Lineu Miranda sido objeto da condenação mais severa – 7 anos de prisão com medidas de segurança. Em Fevereiro de 1970 Lineu Miranda e seus companheiros foram internados no Campo de Concentração do Tarrafal/Campo de Trabalho de Chão Bom.
Lineu Miranda só reencontrou a liberdade a 1 de maio de 1974, quando sob pressão popular as autoridades militares que tinham assumido o controle da colónia após o 25 de Abril, acabaram por libertar todos os presos políticos que se encontravam no Campo de Concentração do Tarrafal.
Depois da sua libertação, Lineu Miranda foi, particularmente em Santo Antão, sua ilha natal, um dos elementos mais ativos e dinâmicos na luta política que teve lugar em Cabo Verde para pôr fim à situação colonial e pela conquista da independência.
Em Junho de 1975, Lineu Miranda foi eleito deputado à Assembleia Nacional Popular pelo círculo de Ribeira Grande durante a 1ª legislatura. Tornou-se o primeiro presidente do Instituto Cabo-Verdiano de Solidariedade e é um dos membros fundadores da ACOLP – Associação dos Combatentes da Liberdade da Pátria.
Lineu Miranda faleceu em S. Vicente, a 23 de janeiro de 1992.
Texto facultado por Álvaro Dantas Tavares e Luís Fonseca, a quem agradecemos.