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Fernando Augusto da Silva Blanqui Teixeira

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Data da primeira prisão

Cidadão de rica e multifacetada personalidade, era um homem afável, de grande inteligência e cultura, solidário, corajoso, perseverante, convicto e convincente nos seus ideais, com grande preparação ideológica. Combatente pela Liberdade, conheceu a dureza da clandestinidade, da privação da companhia de familiares e amigos, da perseguição política, da prisão e da tortura. Foi um destacado dirigente do PCP: funcionário do partido desde 1948, exerceu funções de elevada responsabilidade, integrando o Comité Central a partir de 1952, durante quase 50 anos. 
Fernando Blanqui Teixeira nasceu em Coimbra em 4 de Maio de 1922 e faleceu aos 82 anos.
Engenheiro químico de formação académica - um intelectual que poderia ter tido a vida desafogada e confortável da generalidade dos seus colegas de profissão - fez uma corajosa e consciente opção de luta a tempo inteiro, contra o fascismo e o capitalismo, a que foi fiel toda a sua vida. Nunca esmoreceu na justeza do projecto revolucionário do seu Partido.
Exerceu funções de elevada responsabilidade no PCP, integrando o Comité Central a partir de 1952, durante quase 50 anos. 
Em 1944 aderiu à Federação das Juventudes Comunistas e, nesse mesmo ano, ao PCP, quando estudava no Instituto Superior Técnico e aí desenvolvia intensa actividade associativa. Foi membro da Direcção de Estudantes do IST, tendo vindo a ser afastado desta escola por perseguição política. Aluno brilhante, formou-se em Engenharia Químico-Industrial em 1945 com a mais alta classificação do seu curso, chegando a ser (não oficialmente) assistente da cadeira de Química Geral. Logo aí revelou qualidades que o tornaram conhecido e respeitado entre os colegas e na sua classe profissional.
Em 1948 tornou-se funcionário do PCP e mergulhou na clandestinidade, realizando as mais variadas tarefas técnicas e de organização, nomeadamente como membro da Direcção Regional de Lisboa e de outros organismos de Direcção Regional.
Blanqui Teixeira foi preso pela PIDE em 1957, mas fugiu no ano seguinte, aproveitando uma deslocação ao Hospital de São José. 
Detido novamente em 1963, foi julgado e condenado no Tribunal Plenário fascista, e passou mais oito anos na prisão. Só saiu da cadeia em 1971, na sequência de uma importante campanha pela sua libertação. A imagem de integridade e afabilidade que deixara em colegas e amigos contribuiu fortemente para o notável movimento de solidariedade cívico que mobilizou muitas centenas de engenheiros e no qual a própria Ordem se empenhou activamente. [ Nessa campanha pela sua libertação (1971) merece destaque a intervenção pública da Ordem dos Engenheiros, de que era então bastonário o antifascista Eng. Cunha Serra].
Depois do 25 de Abril, Blanqui Teixeira foi eleito como deputado por Coimbra à Assembleia Constituinte (1975). Foi responsável pela Organização Regional das Beiras entre 1974 e 1975, pela Comissão de Organização e pelas organizações do PCP nos Açores, na Madeira e na Emigração. Ocupou-se da área da Defesa Nacional e foi, desde 1975 até ao ano 2000, director de “O Militante”, boletim central de organização do PCP.
Membro da Comissão Política desde 1975 até 1988, do Secretariado entre 1979 e 1996 e da Comissão Central de Controlo entre 1996 e 2000, abandonou depois os órgãos de direcção central. 
Quando faleceu, dedicava todas as suas forças e energias às tarefas da Comissão Concelhia do PCP do Barreiro, organização em que militava nos últimos anos, na terra que muito amou..