Um militante antifascista que deixou amigos por todo o lado. Todos o recordam como um ser humano extraordinário, forte, frontal, corajoso, coerente.Foi empregado de escritório, jornalista e publicista. Foi militante comunista durante mais de 60 anos. Sofreu um total de 12 anos e meio de prisão nas cadeias da ditadura fascista. Foi funcionário do PCP entre 1955 e 1983.
Depois do 25 de Abril de 1974 integrou a Comissão Distrital de Beja e a Direcção da Organização Regional do Alentejo (DORA) do Partido Comunista.
João nHonrado nasceu em Ferreira do Alentejo, a 3 de Março de 1929. e faleceu no dia 22 de Março de 2013, em Beja. Aderiu ao Movimento de Unidade Democrática Juvenil (MUD Juvenil) em 1947. Preso em Abril desse ano, foi de novo preso em Janeiro de 1949, já ligado ao PCP, durante a campanha eleitoral de apoio ao candidato das forças democráticas, Norton de Matos.
Entrou para o PCP em 1950 e em Dezembro de 1955 passou à clandestinidade como funcionário do partido. Foi nessa qualidade que dirigiu as lutas do sector estudantil de Coimbra, de 1958 a 1962, e as greves operárias e dos pescadores da região do Porto. Novamente preso em 1962, só saiu em liberdade com o 25 de Abril de 1974.
Esteve preso no Aljube, Caxias e Peniche e também na Cadeia Penitenciária de Lisboa. Nas prisões lutou contra a ditadura fascista, nomeadamente contra as condições prisionais, tendo organizado levantamentos de rancho e greves de fome. O seu nome está associado aos daqueles presos políticos, pelos quais se levaram a cabo campanhas de solidariedade e de libertação. Fica também como registo histórico fundamental a defesa que João Honrado escreveu na cela de Caxias e apresentou perante o tribunal fascista em Março de 1963 defesa escrita em dezenas e dezenas de pequenos papéis «em letra miudinha e em pouquíssimo tempo, não fossem os guardas irromper pela caserna fora» como o próprio afirmou numa entrevista.
Depois do 25 de Abril João Honrado fez parte da Comissão de Extinção da PIDE/DGS e foi Deputado do PCP à Assembleia Constituinte.
Assumiu durante anos a direcção do jornal «Reforma Agrária». Foi um dos democratas que, em 1980, levou os municípios do distrito de Beja a organizarem-se em associação e a adquirirem o título do «Diário do Alentejo», salvando o jornal da falência.
Em Beja, fundou com outros democratas a Cooperativa Cultural Alentejana e o jornal «Alentejo Popular».