banner

 

José de Sousa Coelho

José de Sousa Coelho
2074
Data da primeira prisão

Nasceu em Penacova, Coimbra, em 17 de agosto de 1898, filho de Maria da Conceição de Sousa.
Torneiro, começou a sua intensa intervenção sindical e política durante a I República, primeiro dentro da área anarcossindicalista, tendo sido Secretário-Geral das Juventudes Sindicalistas e, depois, enquanto militante do Partido Comunista, do qual foi um dos fundadores, em março de 1921.
Neste mesmo ano, esteve, também, na origem das Juventudes Comunistas, da qual foi o primeiro dirigente e de onde transitou, em 1922, para a direção do Partido Comunista, evidenciando-se, sobretudo, na área do sindicalismo.  
Após divergências com José Carlos Rates, retomaria, em 1926, no II Congresso, o anterior protagonismo, sendo um dos responsáveis, com Bento Gonçalves, da reorganização partidária de 1929, integrando a Comissão Central Executiva Provisória.
Na sequência da prisão de Bento Gonçalves, tornou-se, entre 1930 e 1933, o principal dirigente comunista, desenvolvendo relevante atividade junto dos sindicatos: a ele se deve a criação, em 1930, da Comissão Inter-Sindical (CIS), do qual é o Secretário-Geral, em estreita ligação com o Partido Comunista, onde era o responsável sindical. A nova confederação nacional de sindicatos operários, alinhada com a Internacional Sindical Vermelha, passava a concorrer com a Confederação Geral do Trabalho (CGT), de orientação anarcossindicalista.
Dinamizou a criação de Grupos de Defesa Sindical, que envolveram militantes comunistas dos respetivos locais de trabalho, concebeu, com Bento Gonçalves, um sistema eficaz de imprimir o jornal “Avante!” e envolveu-se na preparação e eclosão da greve geral de 18 de janeiro de 1934, por ele considerada como um “movimento de protesto contra a violenta dissolução dos sindicatos operários” e não um “movimento revolucionário insureccional”.
Referenciado pela polícia há vários anos, foi julgado à revelia pelo Tribunal Militar Especial em 20 de fevereiro de 1935 e condenado em seis anos de desterro, multa de doze mil escudos e perda dos direitos políticos por dez anos. Permaneceu em Portugal durante a ida, nesse ano, da delegação do Partido Comunista ao VII Congresso da Internacional Comunista, realizado em Moscovo.
Procurado há anos, foi preso pela PVDE em 11 de novembro de 1935, por “comunista”, juntamente com Bento Gonçalves e Júlio Fogaça, o trio que constituía o Secretariado, levado para uma esquadra e transferido, nesse mesmo dia, para a Cadeia do Aljube. Após dois meses em regime de incomunicabilidade, seguiu, em 8 de janeiro de 1936, para a Fortaleza de S. João Batista, em Angra do Heroísmo.
Em 23 de outubro de 1936, seria deportado para o Campo de Concentração do Tarrafal, simultaneamente com aqueles dois dirigentes partidários. Aqui, começou por integrar a direção da Organização Comunista Prisional do Tarrafal e, devido ao acentuar das divergências políticas com Bento Gonçalves, criou a Organização dos Comunistas Afastados, sendo expulso do Partido Comunista em 1942.
Regressou de Cabo Verde em 20 de fevereiro de 1945, saindo em liberdade. Procurou, então, formar o Partido Social Operário, aderiu, em 1946, ao reativado Partido Socialista Português e acabou por se empenhar e evidenciar enquanto dirigente do movimento cooperativista, nomeadamente através da Fraternidade Operária Lisbonense - Ateneu Cooperativo, onde desenvolveu amizade com António Sérgio, a Caixa Económica Operária e o Mealheiro dos Conferentes Marítimos. Faleceu em 1967.