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José Soares

José Soares
O Malatesta
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Data da primeira prisão

Filho de Patrocínia Ribeiro e Artur Soares, nasceu em Lisboa, na freguesia de S. Miguel, a 05-01-1901.
Conhecido pela alcunha de Malatesta (do conhecido anarquista italiano Errico Malatesta, 1853-1932) exerceu várias profissões, como canalizador, estivador e comerciante.
Pertenceu, no início dos anos vinte, às Juventudes Sindicalistas, tendo participado, em 08-09-1922, no atentado a Sérgio Príncipe, principal dinamizador da Associação Comercial de Lojistas de Lisboa e dirigente da Confederação Patronal. 
Associado à Legião Vermelha, da qual seria um dos principais dirigentes, esteve associado a outros atentados bombistas e, em 30-04-1925, foi embarcado, com mais 17 presos sociais e de delito comum, no cruzador "Carvalho de Araújo" com destino a Angra do Heroísmo.
No entanto, deverá ter sido transferido para a Guiné, de onde se evadiu. Preso em outubro de 1928, no Porto, terá sido reenviado para aquele território, onde participou, em 17 de abril de 1931, no movimento contra a Ditadura, integrando, com mais onze revoltosos, a Junta Governativa Revolucionária, em que era o único operário. Fracassado aquele movimento, embarcou em Dakar com destino a Las Palmas e, em 17-09-1932, foi preso, recolhendo, incomunicável, a uma esquadra. Na mesma leva de presos pela SVPS, constavam Álvaro Duque da Fonseca, António dos Santos Serra, Armando Ramos, Deodato Ramos, Henrique Fragoso, José Amorim, José de Vasconcelos, José Nunes Scheidecker, Manuel Francisco Roque Júnior, Raul Nunes Leal e Togo da Silva Batalha, sendo alguns importantes dirigentes das Juventudes Comunistas. 
Em 19-11-1933, embarcou de Peniche para Angra do Heroísmo – fortaleza de S. João Batista, onde chegou em 22-11-1933. Integrou, em 23-10-1936, os primeiros presos políticos que foram deportados para o Campo de Concentração do Tarrafal, de onde tentou evadir-se, sendo, por isso, barbaramente espancado juntamente com Júlio Fogaça e Henrique Ochsemberg.
Regressou em 15-07-1940 e saiu em liberdade, participando, então, ativamente na reorganização do Partido Comunista, nomeadamente junto dos estivadores e fragateiros, setores que conhecia muito bem desde os anos vinte. 
Preso em 29-04-1942, "para averiguações", seguiu para o Aljube e, em 05-11-1942, foi transferido para Caxias, regressando àquele em 21-11-1942. Julgado pelo TME em 05-04-1944 e condenado a 24 meses de prisão, voltou a ser deportado para o Tarrafal: embarcou em 26-07-1944 e, por ter sido abrangido pela amnistia de 1945, regressou e apresentou-se em 06-12-1945. 
Voltou à militância ativa no Partido Comunista, presidiu ao Sindicato Nacional dos Fragateiros do Porto de Lisboa e integrou, com Joaquim Couceiro, José Vitoriano e Manuel José Repas da Mata a Comissão Coordenadora Nacional do Trabalho nos Sindicatos Nacionais que funcionava junto do Secretariado do Comité Central. 
Abandonou, durante o ano de 1947, a atividade política, fazendo esse compromisso com a PIDE.