Tomásia Josefina Henriques Perdigão, mais conhecida como Nina Perdigão, era filha de Tomázia Alves de Azevedo Henriques, proprietária, e de Joaquim dos Santos Henriques e nasceu a 2 de maio de 1902, na Freguesia de Cedofeita, Porto, cidade onde faleceu em 1988.
Teve quatros irmãos, todos rapazes: Luís, Carlos, Joaquim e António Azevedo Santos Henriques.
Casou com Licínio Pinheiro Perdigão [1905-1934], nascido em Manaus, Brasil, arquitecto da Faculdade de Belas Artes do Porto e que faleceu muito novo em início de carreira, não voltando a contrair matrimónio.
Viúva muito nova e mãe de dois filhos pequenos (Rui e Gil Perdigão), ficou economicamente dependente dos pais que estavam ligados à indústria têxtil portuense. A sua militância política iniciou-se na década de 30, no âmbito do Socorro Vermelho Internacional, vendendo o boletim Solidariedade e selos para angariar fundos para os presos políticos, militantes clandestinos e vítimas da Guerra Civil de Espanha.
Com 34 anos e recém viúva, foi presa na residência da Avenida da Boa Vista, acusada de fazer parte do Socorro Vermelho Internacional do Norte, e libertada em 30 de maio de 1937.
Novamente detida em 9 de agosto deste ano a fim de ser submetida a julgamento, foi levada para o Aljube do Porto e saiu em liberdade em 26 de agosto depois de ter sido condenada pelo Tribunal Militar Especial à multa de 2.400$00, que se substituía, quando não paga, por quatro meses de prisão correcional.
Cumpriu a sentença no Aljube do Porto, numa cela juntamente com Alice Pereira Gomes [1910-1983], irmã de Soeiro Pereira Gomes.
Nina Perdigão foi, segundo o "Diário" de Maria Luísa Ribeiro de Lemos, uma das fundadoras da Delegação do Porto da Associação Feminina Portuguesa para a Paz, sendo a sócia nº 273.
Em 1944, aderiu ao Partido Comunista Português, (do qual se afastou após os acontecimentos da Checoslováquia em 1969), tornando-se, segundo o filho Rui Perdigão, um enorme sustentáculo económico desse partido durante a clandestinidade ( "150.000 contos, doados principalmente durante a década de 50").
A sua casa funcionou também como ponto de apoio do PCP, sendo apenas do conhecimento dos membros do Secretariado, tendo passado por lá Joaquim Pires Jorge, Cândida Ventura e, no verão de 1949, Soeiro Pereira Gomes, este na fase terminal da doença que o vitimou. Foi aí que este se inspirou para os últimos escritos, escondidos até ser possível recuperá-los mais tarde: “Foi minha mãe, Nina Perdigão, que com uma enorme paciência reconstruiu os textos, tendo sido em muitos sítios obrigada a dar uma versão sua de certas frases, totalmente desaparecidas. Foi este o texto que serviu à primeira edição dos Contos Vermelhos aparecida clandestinamente”.
As doações de Nina Perdigão foram fundamentais para a manutenção das tipografias clandestinas e com o filho Rui e a esposa deste, Fernanda Maria Baía da Silva, formou e manteve na clandestinidade um “aparelho” de apoio logístico, considerado pela Direção do PCP como muito importante, já que envolvia o serviço clandestino de fronteiras que permitia a saída do país de militantes na clandestinidade.
Biografia de Helena Pato com João Esteves, em http://silenciosememorias.blogspot.pt/
Lúcia Serralheiro incluiu uma biografia de Tomázia Josefina Henriques Perdigão/Nina Perdigão no Dicionário no Feminino (séculos XIX-XX) [Livros Horizonte, 2005].