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Dever de Memória

O Memorial aos Presos e Perseguidos Políticos nasceu de uma iniciativa cidadã que a Câmara Municipal de Lisboa acolheu, com o apoio do Metropolitano de Lisboa.

45 anos após 25 de abril de 1974, tardava a homenagem aos milhares de homens e mulheres que se bateram pela liberdade, em Portugal e nas ex-colónias – é o que se afirma agora na Estação Baixa Chiado do Metropolitano de Lisboa, junto à saída para o Largo do Chiado.

Considerou-se a centralidade desta Estação e a sua proximidade com a rua António Maria Cardoso (onde se situava a sede da PIDE/DGS e onde foram assassinados por elementos daquela polícia política manifestantes no próprio dia 25 de abril de 1974) e, mesmo, com o Largo do Carmo, onde se desenrolou a rendição do último Presidente do Conselho da ditadura, ocorrendo em toda aquela zona (Largo do Chiado, Praça Luís de Camões, Rua da Misericórdia, Largo de São Carlos e ruas adjacentes) momentos marcantes daquela data, designadamente com a detenção de agentes e graduados da PIDE/DGS.

Entendeu-se, por outro lado, que importava retirar do esquecimento milhares e milhares de nomes dos presos políticos reprimidos durante 48 anos de ditadura, encetando um trabalho necessariamente longo de reabilitação e contextualização da luta dos homens e mulheres que sofreram a repressão daquele regime e dos seus sequazes.

Não esquecemos também quantos nas ex-colónias se bateram pela sua dignidade e independência e de cuja violenta repressão nos chegou sempre escassa informação.

Faltam dados, é parca a historiografia sobre a repressão e as suas vítimas, nem sempre os trabalhos memorialísticos se afiguram suficientes ou isentos e, sobretudo, a sombra do esquecimento e, mesmo, da desculpabilização têm envolvido esse meio século de ditadura que nos oprimiu entre 1926 e 1974.

Cremos que ninguém se pode arvorar em proprietário da memória, em particular quando se trata da memória da resistência de um povo, e que, pelo contrário, nos cabe a todos abrir novas frentes e aprofundar o conhecimento do nosso passado recente, num trabalho empenhado e rigoroso que permita abrir novas perspetivas de futuro às gerações atuais, colhendo ensinamentos e definindo uma clara demarcação entre os que resistiram e se bateram pela Liberdade e quantos a violentaram. Ontem como hoje.

Temos lutado pela preservação e divulgação da memória, não a confinando em visões de índole partidária ou de grupo, nem substituindo o rigor pela amnésia seletiva. E, menos ainda, considerando a memória histórica um exercício de mera gestão.
Continuaremos a fazê-lo.