Adalberto Gastão de Sousa Dias nasceu em Chaves, a 3 de dezembro de 1865, numa família de militares e de tradições republicanas. Membro do Partido Republicano desde 1910, participou em 1912 no combate às incursões monárquicas, como major. Voltou a sair em defesa da República no combate ao bloco conservador de Sidónio Pais em 1917, acabando por ser preso e colocado no Regimento de Infantaria de Reserva n.º 18, no Porto. Foi neste regimento, já como coronel, que combateu a proclamação da “Monarquia do Norte”, em janeiro de 1919. Em 1921 e 1923 foi deputado eleito pelo círculo do Porto, tendo sido várias vezes indigitado para ministro da Guerra.
À data do golpe militar de 28 de maio de 1926 Sousa Dias era Comandante da 3.ª Divisão do Exército, no Porto. Encabeçou a resistência às forças revoltosas e recusou inicialmente qualquer cooperação. No entanto, perante a generalizada adesão à revolta de várias unidades sob o seu comando, acabaria por, em nome da Divisão que comandava, dar adesão ao movimento militar, pedindo de imediato a exoneração.
Constituiu-se desde a primeira hora como inimigo declarado da recém-instalada Ditadura Militar e participou ativamente em várias ações visando o seu derrube. Assumiu a chefia da revolta de 3 de fevereiro de 1927, no Porto, cuja derrota o levou a ser preso e deportado, em março, para São Tomé. Em dezembro de 1927 foi transferido para o Faial, nos Açores, e em 1929 foi julgado em Tribunal Especial, no Forte da Graça em Elvas, e condenado a dois anos de prisão correcional. Voltou a ser-lhe fixada residência no Faial em 1930 e, posteriormente, foi deportado para o Funchal, na ilha da Madeira. Nesta ilha foi contactado para chefiar novo movimento revolucionário, em abril de 1931, e nomeado governador militar da Madeira pela Junta Revolucionária.
Derrotado o levantamento, Sousa Dias foi demitido, sem qualquer pensão, direitos e honras, novamente preso e deportado para Cabo Verde e internado no Campo de Concentração de São Nicolau, tendo sido depois transferido para a ilha de Santo Antão e, por último, para a de São Vicente.
Foi em Cabo Verde que passou os últimos anos da sua vida, sem nunca ter deixado de conspirar e estabelecer relações com as oposições em Portugal e no exílio, no sentido de derrubar a Ditadura Militar e, depois, o Estado Novo. Vendo o seu nome excluído da amnistia de 1932 e do decreto nº 21 943 de dezembro daquele ano e após duras agruras sofridas nas sucessivas prisões e deportações, o general Sousa Dias viria a morrer em 27 de abril de 1934, com 69 anos de idade, no Mindelo, onde se encontrava com residência fixada.
Biografia publicada pelo Museu do Aljube-Resistência e Liberdade