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Os presos angolanos

Tipologia
Memórias
Autor
Justino Pinto de Andrade
Fonte
Colóquio Tarrafal – Uma Prisão, Dois Continentes
Data
2008

A primeira vaga de presos angolanos chega ao Tarrafal no dia 25 de Fevereiro de 1962, e é constituída por 18 pessoas; no dia seguinte, 26/2/62, chegam mais 15 presos.

A segunda vaga é apenas de 3 presos, entrando em 1964: António Jacinto do Amaral Martins (preso em 1959 e depois preso novamente em 1961), José Mateus Vieira da Graça (Luandino Vieira, tal como António Jacinto, preso em 1959 e preso de novo em 1961) e António Dias Cardoso.

Nota: Os presos da primeira e segunda vagas constituíram, com mais outros, o chamado “Processo dos 50” que marcou de forma muito simbólica a nossa Luta pela Libertação. Muitos deles estavam presos desde 1959.

Depois destas vagas, o Campo ficou cinco anos sem receber novos presos, até que:

A terceira vaga chega a 8/8/1969, com 34 presos, muitos dos quais há anos nas cadeias de Luanda. Uns ligados ao MPLA, outros à UNITA, outros à UPA/FNLA. Os presos do UNITA são fundamentalmente Kiokos, porque a luta da UNITA havia iniciado em finais de 1966, na Província do Moxico. É a vaga mais heterogénea, do ponto de vista da filiação partidária.

A quarta vaga data de 14/3/1970 e é constituída por 23 presos, todos estão ligados à UNITA, liderados por Eduardo Jonatão Chingunji.

8. A quinta e última vaga, a minha, chega ao Tarrafal a 14/5/1970, com 14 presos.

Nota: As datas de entrada no Tarrafal só querem dizer isso mesmo, pois os presos são para aqui transferidos, vindos de prisões em Angola, sobretudo Luanda.

Dos primeiros presos a chegarem ao Tarrafal, 11 pertenciam a um grupo político denominado Espalha Braza (eram, simultaneamente, do ELA). Outros 8 pertenciam ao ELA. Mais 6 eram do MIA (Movimento Para a Independência de Angola): Amadeu Amorim, António Marques Monteiro, Carlos Alberto Vandúnem (Beto Vandúnem), Carlos Aniceto Vieira Dias (Liceu Vieira Dias), Gabriel Leitão, Mário Campos. 3 eram do PLUAA (Partido da Luta Unida dos Africanos de Angola): André Franco de Sousa, Higino Aires Alves de Sousa, Ilídio Tomé Alves Machado. 6 eram do PCA (Partido Comunista Angolano), entre os quais o Manuel dos Santos Júnior, António Dias Cardoso, António Jacinto do Amaral Martins (também do PLUAA), António José Contreiras da Costa, Helder Guilherme Ferreira Neto, Luandino Vieira. 25 eram do MPLA, entre os quais Manuel Pedro Pacavira e todos os presos do CRL (Comité Regional de Luanda). Cerca de 40 presos eram da UNITA e os restantes da UPA/FNLA.