Tomando como tema de estudo a resistência política ligada ao contexto prisional no Campo de Concentração do Tarrafal, pretendeu-se revisitar o período que vai da inauguração desta unidade prisional, em outubro de 1936, até ao seu encerramento, em janeiro de 1954; e, para esse fim, usaram-se os testemunhos de alguns prisioneiros, que escreveram as suas memórias. O objetivo principal desta investigação foi contribuir para a reflexão em torno de dois aspetos fundamentais da problemática prisional, que não podem ser dissociados dos métodos de afirmação do Estado Novo em Portugal. Por um lado, o facto de o lugar, enquanto espaço, ter sido sentido e representado pelos encarcerados como um campo de concentração, com características específicas de segurança que lhes asseguraram um terrível e lento padecer; e, em segundo lugar, porque a compreensão das dinâmicas prisionais orientadas para a prática da resistência política, segundo as narrativas consultadas, permitiram aos presos transformar a sua história de repressão numa história de grandeza.
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