banner

 

Domingos dos Santos

Domingos dos Santos
O Calabrez
58
Data da primeira prisão

Filho de Berta das Dores [Santos] e de Aníbal dos Santos, Domingos dos Santos nasceu em 1 de maio de 1915, em Lisboa.
Serralheiro do Arsenal do Exército, conhecido por "O Calabrez", era procurado desde fevereiro de 1933 por estar identificado como fazendo parte do Comité Regional de Lisboa das Juventudes Comunistas, juntamente com António da Piedade Cipriano ("Borodine"), João Ferreira de Abreu e Virgílio de Jesus Luís, entre outros.
Segundo o seu Cadastro Político que consta da Torre do Tombo, foi preso em 11 de abril de 1933, acusado de ser o filiado Nº 150 das Juventudes Comunistas e pertencer à Célula Nº 15 que reunia, à hora do almoço, no Arsenal do Exército, sendo o responsável pela Comissão do Socorro Vermelho Internacional.
Segundo o mesmo documento, para além de fazer parte do Comité de Aprendizes do Arsenal do Exército, integrava o Comité de Zona Nº 1, onde tinha a cargo a Comissão Sindical; o Comité Regional de Lisboa, sendo o responsável pela Comissão Regional Política e de Agitação e Propaganda; a Comissão Central Sindical das Juventudes Comunistas; e o Grupo de Defesa Académica da Escola Industrial Afonso Domingos, que frequentava.
Para além de participar em todas as reuniões dos organismos a que pertencia, interveio na distribuição e venda da imprensa clandestina, colaborou na redacção de artigos e de desenhos e, na madrugada de 4 de setembro de 1932, participou em pinturas e afixação de selos e cartazes nos prédios situados no Alto do Varejão, Caminhos-de-Ferro, Estrada da Circunvalação e Alto de S. João. 
Nesse mesmo dia, esteve na manifestação realizada no Largo de Alcântara, de forma a celebrar o Dia da Juventude. Francisco de Paula de Oliveira (Pável) foi o orador desse "comício-relâmpago", tendo do confronto com a polícia resultado a morte do guarda António Trancoso e do manifestante Alfredo Ruas/José Ruas Ferreira.
Apesar do seu processo ter sido enviado ao Tribunal Militar Especial em 19 de junho de 1933 a fim de ser submetido a julgamento, foi por ordem do Governo que, em 19 de novembro de 1933, Domingos dos Santos, então com 18 anos, foi enviado para a Fortaleza de São João Baptista, em Angra do Heroísmo.
Julgado em 25 de agosto de 1934 pela Secção dos Açores do Tribunal Militar Especial, foi atendido o facto de ser menor de idade e, por isso, foi condenado a trezentos dias de prisão, já cumpridos, e perda de direitos políticos por cinco anos.
Regressou de Angra do Heroísmo em 9 de novembro de 1934 e saiu em liberdade no dia seguinte, continuando a viver em Lisboa. 
Domingos dos Santos regressou à luta política e, em 1935, integrou o Secretariado da Federação das Juventudes Comunistas, juntamente com Álvaro Cunhal, Francisco Ferreira e José Gilberto Florindo de Oliveira. 
Em julho de 1935, o Comité Central da FJCP escolheu Álvaro Cunhal e Domingos dos Santos, que usava o pseudónimo "Felipe Magalhães/Magalhães", como Delegados ao Congresso da Internacional Comunista Juvenil (IJC) que se realizava em Moscovo, tendo os dois viajado juntos. Terão saído de Portugal pelo Alentejo, passaram os Pirenéus para chegar a França, atravessaram de comboio a Alemanha nazi e chegaram à União Soviética, em agosto, através dos países bálticos [José Pacheco Pereira, Álvaro Cunhal - Uma biografia política]. 
Durante a permanência em Moscovo, Francisco de Paula Oliveira terá diligenciado para que Domingos dos Santos ali permanecesse enquanto representante da FJCP na IJC.
Após a partida, em julho de 1936, de Álvaro Cunhal para Espanha e da prisão de José Gilberto Florindo de Oliveira, Domingos dos Santos ficou a controlar a FJCP.
Em março de 1936, a Polícia já estava na posse de informações sobre o papel ativo de Domingos dos Santos, que, no entanto, só seria preso um ano depois, em 30 de abril de 1937. No respetivo Cadastro Político, é referida a sua participação no Comité Central da FJCP, juntamente com Gilberto de Oliveira "e um indivíduo de apelido Cunhal, filho de um advogado do mesmo apelido".
Preso no Segredo da Cadeia do Aljube, integrou a segunda leva de presos políticos enviada para o Campo de Concentração do Tarrafal, onde chegou em 12 de junho de 1937. Aí permaneceu até 7 de julho de 1940 e desembarcou em Lisboa em 15 de Julho, sendo enviado para Caxias.
Libertado em 27 de setembro de 1940 e "entregue na mesma data ao Pai", quando tinha 25 anos de idade e nove anos de intensa militância. 
José Pacheco Pereira refere, na obra citada, que terá enlouquecido com a deportação e que, posteriormente, se terá curado, não mantendo actividades políticas.