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Maria Sofia Carrejola Pomba Guerra

023227
19514
Data da primeira prisão

Maria Sofia Carrajola Pomba do Amaral Guerra nasceu em Elvas, a 18 de Julho de 1906. Frequentou a Universidade de Coimbra na década de 20, juntamente com o futuro marido, Platão Zorai do Amaral Guerra, fazendo cadeiras de várias disciplinas e acabando por decidir-se pela licenciatura em Farmácia.
Tendo-se radicado em Moçambique, na então Lourenço Marques, foi analista no Hospital Miguel Bombarda, deu aulas e publicou em 1936, em edição de autor, o romance «Dois anos em África», no qual, se não se lhe encontrava ainda um pensamento anti-colonial, eram evidentes quer a sua cultura científica, quer as suas preocupações sociais.
Para lá da escrita de artigos de carácter científico, Sofia Pomba Guerra desenvolveu grande militância cívica como publicista, nos jornais antifascistas O Emancipador e Itinerário, ligou-se ao Movimento dos Democratas Moçambicanos e teve um papel de grande relevo na campanha presidencial de Norton de Matos em Lourenço Marques.
Em 1949, foi presa e deportada para a «Metrópole»: apresentada na PIDE em 23 de Novembro de 1949, ficou detida em Caxias até 4 de Julho de 1950, quando foi libertada por ordem do Tribunal Plenário de Lisboa, por ter sido absolvida.
Partiu depois para a Guiné, onde se juntou ao marido, vindo a ser proprietária da Farmácia Lisboa – na qual trabalhou Osvaldo Vieira, um dos principais combatentes do PAIGC, morto em 1974.
Relacionou-se com Amílcar Cabral, Aristides Pereira, Fernando Fortes, Luís Cabral – a quem deu lições de Inglês do 7.º ano do liceu – e muitos outros nacionalistas guineenses. Aristides Pereira refere nas suas memórias («O Meu Testemunho», 2003), que foi ela quem estabeleceu contacto entre ele e Amílcar Cabral quando este chegou à Guiné, no início da década de 50; e que Sofia Pomba Guerra «desenvolveu uma acção importantíssima na mobilização e consciencialização dos jovens que mais tarde vieram a aderir à luta de libertação nacional».
A importância da sua acção política na Guiné – apesar da sua actividade e prisão anteriores a tornarem alvo da atenção policial – está patente nas referências elogiosas que muitos dos dirigentes guineenses fazem ao seu papel anticolonialista, nomeadamente no auxílio à organização clandestina de reuniões, na prestação de informações relevantes sobre prisões iminentes, como a de Carlos Correia, e na preparação de fugas, como a de Luís Cabral.
Amílcar Cabral (1924 – 1973), com quem Sofia conviveu na década de 50, no discurso pronunciado num Seminário de Quadros do PAIGC, efectuado entre 19 e 24 de Novembro de 1969, referiu-se à contribuição de dois brancos na fuga de Luís Cabral da capital guineense, afirmando explicitamente que «uma pessoa que teve influência no trabalho do nosso Partido em Bissau foi uma portuguesa. Só quem não está no Partido é que não sabe isso. Ao Osvaldo, a primeira pessoa que lhe ensinou coisas para a luta, foi ela, não fui eu. Eu não conhecia o Osvaldo.»
Sofia Pomba Guerra faleceu em Lisboa, dois anos depois do 25 de Abril, a 12 de Agosto de 1976.