banner

 

António Lopes de Sousa

António Lopes de Sousa
7805
Data da primeira prisão

Nasceu em Avis, em 27 de janeiro de 1911, filho de Maria Francisca Bernardes e de João Lopes de Sousa.
Carpinteiro, com residência em Lisboa, teria aderido ao Partido Comunista em março de 1937, depois de ter saído da tropa, integrando o Comité de Zona 2, controlado por Helena Faria. Por defender na sua célula “ideias terroristas, afirmando que para derrubar a ditadura era necessário eliminar Salazar e que ele estava disposto a fazê-lo” (João Madeira, 1937. O atentado a Salazar, 2013), foi expulso.
Em junho de 1937, era procurado pela PVDE “por estar referenciado num processo organizada pelo Posto de Vilar Formoso, respeitante à organização comunista em Tortosendo, Covilhã e proximidades”, tendo fornecido “material clandestino de propaganda comunista” a um factor da CP em serviço na estação de Santa Apolónia.
Preso em 16 de agosto de 1937, seria envolvido pela polícia no atentado a Salazar, em 4 de julho de 1937. Levado, no dia 28, para a Penitenciária de Lisboa, passou, em 19 de janeiro de 1939, para a Cadeia do Aljube, e seguiu, em 28 de julho, para Caxias, de onde foi transferido, em 3 de abril de 1940, para Peniche. Regressou ao Aljube em 25 de janeiro de 1941, a fim de ser julgado nesse mesmo dia pelo Tribunal Militar Especial. Acusado de tomar “parte ativa na tentativa de assalto e roubo ao Inspetor da Companhia Nacional de Alimentação, nas diligências pra o fabrico de explosivos” e ser “o autor do plano do atentado contra S. Ex.ª o Presidente do Conselho, cabendo-lhe as maiores responsabilidades na direção dos atos preparatórios para o referido atentado”, o que não correspondia à verdade, seria condenado em 10 anos de degredo, com prisão no local escolhido, e multa de vinte mil escudos.
Transferido, em 30 de janeiro, para Caxias, embarcou, em 27 de fevereiro de 1941, para Cabo Verde, com destino ao Campo de Concentração do Tarrafal. Entregue, em 31 de dezembro de 1945, ao Ministério da Justiça, foi libertado em 1 de janeiro de 1950 e regressou do Tarrafal em 10 de março do mesmo ano. António Lopes de Sousa seria incriminado por José Maria Horta, depois de sistemáticas torturas e espancamentos a que fora sujeito e forçado pela PVDE a envolver aquele na entrega, inexistente, da bomba. Tal como outros, José Horta estava inocente e seria libertado da Penitenciária em 25 de julho de 1938. Quanto a António Lopes de Sousa, nem sequer consta, enquanto arguido, no libelo acusatório datado de 29 de novembro de 1938, nem das condenados pelo TME de 14 de janeiro de 1939, mas foi o único a ser deportado para o Tarrafal.