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António Poppe Lopes Cardoso

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Data da primeira prisão

Destacado resistente antifascista, António Poppe Lopes Cardoso, português nascido em Cabo Verde, militou desde jovem na Resistência contra a Ditadura.

Foi preso na sequência do «Assalto ao Quartel de Beja» e teve de partir, então, para o exílio, mas prosseguiu a sua acção antifascista até ao 25 de Abril.

Participou como deputado e dirigente político na construção da Democracia, implantada com a Revolução de Abril.

Nasceu na Cidade da Praia, em 27 de Março de 1933 e faleceu em Lisboa a 9 de Junho de 2000. Era casado com Maria Fernanda Lopes Cardoso.

Licenciou-se em Agronomia pelo Instituto Superior de Agronomia, e era ainda estudante quando tomou parte nas primeiras actividades da Oposição contra a ditadura, no quadro dos movimentos estudantis, em 1954. Foi presidente da Comissão Inter – Associações de Estudantes de Lisboa e participou activamente na IV Reunião das Três Academias (1954). Em 1957 esteve ligado ao movimento estudantil contra o Dec. Lei 40900.

Em 1958, fez parte da Comissão de Juventude de Apoio à Candidatura de Humberto Delgado. Pertenceu ao Conselho de Redacção da Seara Nova, desde 1958.

Foi membro da Junta Central de Acção Patriótica, organismo clandestino unitário da luta antifascista. Em 1962 colaborou na tentativa de assalto ao Quartel de Beja, motivo que o levou a ser preso pela PIDE e, depois, a exilar-se.

Em 1962 participou na constituição da Frente Patriótica de Libertação Nacional (FPLN), fundada em conferência promovida em Roma pela Junta de Acção Patriótica de Paris, «Conferência» de que veio a ser membro. Em 1963 foi um dos fundadores do MAR (Movimento de Acção Revolucionária), que iria fazer-se representar na FPLN por ele e Rui Cabeçadas.

Em 1973, logo a seguir ao congresso fundador, no exílio, do Partido Socialista, ingressou neste partido, de que foi um dirigente destacado no pós-25 de Abril: membro do Conselho Nacional, da Comissão Directiva e do Secretariado.

Engenheiro agrónomo, desenvolveu a sua actividade profissional sempre no domínio das questões ligadas à economia agrária.

Foi investigador do Centro de Estudos de Economia Agrária da Fundação Calouste Gulbenkian, desde 1956 a 1962 e, sucessivamente, bolseiro do Institut National de Recherche Agronomique (Paris), investigador do Institut de la Recherche Agronomique du Maroc (Rabat), conselheiro junto do Gabinete do Ministério da Economia de Marrocos, investigador na Station Centrale d´Economie et Sociologie Rurarles do INRA de França, consultor da OCDE; bolseiro da Fundação Gulbenkian na Ecole Pratique des Hautes Etudes (Paris) e director adjunto de três grandes projectos de aproveitamento hidroagrícola no Nordeste do Brasil.

Regressou a Portugal em 1971, desenvolvendo, a partir daí, a sua actividade profissional como engenheiro-consultor e como assistente no Instituto Superior de Agronomia, cabendo-lhe por diversas vezes a regência da cadeira de Economia Rural.

Após o 25 de Abril foi deputado à Assembleia Constituinte (1975-1976), liderando o Grupo Parlamentar do PS. De seguida ocupou os cargos de Ministro da Agricultura no VI Governo Provisório, chefiado por Pinheiro de Azevedo, e no I Governo Constitucional, dirigido por Mário Soares.

Discordando das políticas agrárias do PS, demitiu-se do Governo e depois do partido, permanecendo como deputado independente. Fundou entretanto a Fraternidade Operária, movimento que, em 1978, haveria de originar um novo partido, a União de Esquerda para a Democracia Socialista (UEDS). Em representação deste pequeno partido, foi eleito Deputado à Assembleia da República na II Legislatura. Em 1985 regressa ao PS e é reeleito na legislatura seguinte, como deputado independente, novamente nas listas do PS.

Em 1995, afasta-se da vida partidária. Apoiou activamente as candidaturas de Jorge Sampaio à Câmara Municipal de Lisboa e, mais tarde, à Presidência da República.