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Aida da Conceição Paula

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Data da primeira prisão

Filha de Luísa da Conceição Paula, 25/12/1898-1966, tecedeira, e de Carlos Luz Paula, pintor da construção civil, 1899, nasceu em Lisboa, na Rua de Campo de Ourique, em 9 de Dezembro de 1918, e faleceu em 25 de Outubro de 1993, com 75 anos de idade.
Ajuntadeira de Calçado, aderiu ao Partido Comunista Português em 1936, com apenas 18 anos, e manteve, tal como a mãe, duradoura actividade nas casas de apoio, sendo indissociável o percurso e cumplicidade de ambas na luta clandestina, passando, por vezes, por nora e sogra, e durante as várias prisões.
Presa pela polícia política do Estado Novo «PVDE/PIDE» por 3 vezes, entre 1939 e 1967, duas das quais com a mãe.
A primeira detenção aconteceu com a mãe e Augusto da Costa Valdez (01/02/1914–1988), em 27 de Maio de 1939, numa tipografia clandestina em Algés. Transferida para a Cadeia das Mónicas em 13 de Junho, seria julgada pelo Tribunal Militar Especial em 19 de Outubro de 1940 e condenada a 12 meses de prisão e perda de direitos políticos por cinco anos.
Libertada em 22 de Outubro de 1940, voltaria à militância, passando com a mãe para uma casa na Chamboeira (Freixial, Loures), com Sérgio Vilarigues e, posteriormente, Álvaro Cunhal.
A filha e a mãe foram as duas únicas mulheres que, através dos serviços de apoio, participaram, em 1943, no I Congresso Ilegal do PCP realizado no Monte Estoril.
Foi uma das pioneiras, nos anos 40, do jornal «3 Páginas», cuja colaboração era só feminina – uma década depois, em julho de 1956, mudou o nome para «A voz das camaradas das casas do Partido» –, onde escreveu com regularidade, incluindo contos, «com o pseudónimo de Marta».
Também colaborou no órgão central do PCP.
A segunda prisão de Aida Paula deu-se quase 20 anos depois, em 2 de Dezembro de 1958, numa habitação clandestina em Lisboa, na Rua Castilho, da qual resultou a condenação de dois anos e meio e que se transformou em mais de 6 anos de reclusão, por lhe terem sido aplicadas medidas de segurança «de internamento indeterminado de 6 meses a 3 anos, prorrogável». Foi, então, autora duma das treze cartas incluídas no manifesto enviado clandestinamente da Prisão de Caxias, datado de Maio de 1961, e dirigido às «organizações femininas e democráticas do mundo inteiro», onde se fazia a denúncia das torturas e das precárias condições em que as presas políticas estavam encarceradas.
Libertada em 14 de Janeiro de 1965, abandonou a clandestinidade para cuidar da mãe, gravemente doente.
A última detenção deu-se quando se encontrava na legalidade, em 28 de Julho de 1967. Enviada incomunicável para a esquadra de Campolide e torturada pela PIDE, editou-se, então, em França um folheto intitulado «É preciso salvar Aida Paula», o qual chegou a Itália através da Organização das Mulheres Democráticas, onde se denunciava a sua situação prisional.
Julgada em 2 de Maio de 1968, seria absolvida e imediatamente libertada.
Trabalhou no consultório da médica Julieta Gandra, na Rua Manuel da Maia, cujo conhecimento datava da prisão de Caxias, onde partilharam a mesma cela.
Pouco tempo depois da revolução de 25 de Abril de 1974, assinou o livro «Com a certeza de quem quer vencer» e prestou depoimentos separados a Gina de Freitas e a Rose Nery Nobre de Melo sobre três décadas de vivência política clandestina, antes e depois da reorganização do PCP em 1940-1941, e as prisões sofridas. Neles, evocou a infância em Campo de Ourique, a aspiração de ser médica, a deportação do pai para Angola, em 1927, a leitura do jornal Avante! e a adesão ao PCP, actividades clandestinas, a família, a solidão, o isolamento, situações em que se deram as detenções, agentes envolvidos, interrogatórios, humilhações, condições prisionais, torturas e contacto com presas de delito comum, entre muitos outros aspetos.

Obs.: O apelido também surge como Paulo.