banner

 

Abílio Gonçalves

000165
12
Data da primeira prisão

Filiado na Aliança Libertária Portuguesa, Abílio Gonçalves esteve envolvido nos preparativos da Greve Geral de 18 de Janeiro de 1934.
Preso nesse mesmo dia, esteve 13 anos preso: deportado, primeiro, para Angra do Heroísmo, integrou, dois anos depois, a primeira leva de presos políticos enviada para o Campo de Concentração do Tarrafal, de onde foi libertado em Janeiro de 1946.
Filho de Guilhermina de Jesus e de José Gonçalves, Abílio Gonçalves nasceu em Vinhó, concelho de Arganil, em 16 de Outubro de 1911.
Segundo a notícia necrológica publicada no jornal A Batalha, começou a trabalhar muito novo devido a dificuldades económicas da família e, «após alguns anos nas fainas agro-pastoris veio para Lisboa onde foi marçano, aprendendo em seguida o ofício de padeiro (amassador)».
Filiado na Associação de Classe dos Manipuladores de Pão, foi eleito secretário da Mesa da Assembleia Geral e, posteriormente, integrou a Comissão Administrativa do respetivo Sindicato. Nessa qualidade, envolveu-se nos preparativos da Greve de 18 de Janeiro de 1934, mantendo contactos com António Gonçalves, Luís Gonçalves Amorim, Manuel Henriques Rijo, entre outros.
Empregado numa padaria da Rua D. Pedro V, em Lisboa, foi preso nesse mesmo dia, acusado de ter à sua guarda bombas de dinamite para serem utilizadas durante o movimento revolucionário.
Espancado durante os interrogatórios e transferido para o Presídio Militar da Trafaria, foi julgado pelo Tribunal Militar Especial em 24 de Março e condenado a dez anos de degredo, com prisão, e multa de vinte mil escudos.
Em 8 de Setembro de 1934, embarcou no navio «Lima» para a Fortaleza de São João Baptista, em Angra do Heroísmo, onde voltou a ser «sujeito a frequentes espancamentos e a encerramento de castigo na poterna».
Dois anos depois, em 23 de Setembro de 1936, seguiu no navio «Luanda» para o Campo de Concentração do Tarrafal, em Cabo Verde, aí permanecendo mais de dez anos. Segundo Cândido de Oliveira, no seu livro Tarrafal - O Pântano da Morte, passou, ao todo, 48 dias de internamento na «frigideira».
Abrangido pela amnistia de 18 de Outubro de 1945, foi libertado em 23 de Janeiro de 1946 e regressou, no navio «Guiné», em 1 de Fevereiro.
Com dificuldades de arranjar trabalho em Portugal, partiu para Moçambique e, depois, estabeleceu-se na Suazilândia, de onde regressou após o 25 de Abril de 1974.
Abílio Gonçalves manteve, então, as ligações aos Libertários: sócio do Centro de Estudos Libertários, foi presidente do respectivo Conselho Fiscal (1987) e membro da Comissão Administrativa (1988 e 1989), colaborando, também, no jornal A Batalha.
Faleceu em 20 de Janeiro de 2004, com 92 anos, em Pinheiro de Loures, onde tinha estabelecido um restaurante e residia.