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Alberto Emílio de Araújo

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Data da primeira prisão

Natural de Almada, nasceu em 14-12-1909, filho de Júlio José de Araújo e de Maria da Assunção da Silva Araújo.
Oriundo de um família da pequena burguesia local, Alberto de Araújo conseguiu estudar, licenciando-se em Filologia Clássica e Estudos Camonianos na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Em 1933, aderiu à Federação das Juventudes Comunistas Portuguesas e, no ano seguinte, ao Partido Comunista Português. Na Universidade, foi eleito como representante dos estudantes no Senado Universitário. Após a licenciatura, dá aulas em Castelo Branco e no Liceu Pedro Nunes, em Lisboa.
No âmbito partidário, trabalhou, a partir de 1934,na redação do avante! e de outros materiais de agitação e propaganda. Após a prisão, em 11 de novembro de 1935, dos membros do Secretariado do PCP, Bento Gonçalves, José de Sousa e Júlio Fogaça, Alberto de Araújo passa a integrar o Secretaiado, juntamente com Miguel Wager Russell, Francisco Ferreira e Manuel Rodrigues da Silva - cabendo-lhe a responsabilidade da imprensa e da propaganda, participando igualmente nos trabalhos preparatórios da formação da Frente Popular Portuguesa.
Deslocou-se, entretanto, a Madrid para reunir com Francisco Paula de Oliveira (Pável), na altura o delegado do PCP junto da Internacional Comunista e, por intermédio dele, com outros elementos da I.C..
A 22 de novembro de 1937, regressado de Espanha, é preso pela Secção de Defesa Política e Social da PVDE, recolhendo a uma esquadra incomunicável. Entregue à Diretoria da PVDE, é "devolvido" à Secção de Defesa Política e Social no dia seguinte, sendo transferido para a Cadeia do Aljube em 23-03-1938.
Segue-se um impressionante percurso, bem elucidativo das torturas a que foi sujeito: em 04-04-1938. é levado de novo para uma esquadra, incomunicável; no dia 7 de abril regressa ao Aljube; no dia 13 de abril é, mais uma vez, transferido para uma esquadra, incomunicável; quatro meses depois, a 25 de agosto, volta para o Aljube; e, a 20 de outubro, é transferido para o Reduto Norte do Forte de Caxias.
Em 15-04-1939, é transferido para a 1.ª Esquadra, sendo condenado, por sentença de 29 de abril de 1939, em Tribunal Militar Especial na pena de 24 meses de prisão correccional e na perda dos direitos políticos por 5 anos. Descontada a prisão já sofrida, o TME fixa em 196 dias a pena restante.
No dia 1 de maio, é transferido para o Depósito de Presos de Peniche, de onde regressa à 1.ª Esquadra a 16-06-1939, para embarcar para o Campo de Concentração do Tarrafal, em Cabo Verde, no dia 20 de junho de 1939, quando lhe faltava cumprir menos de 5 meses da pena a que fora condenado.
No Registo Geral de Presos da PVDE aparece escrito a vermelho: "Do seu cadastro consta ... por ser um elemento de preponderência dentro do partido comunista Português. Colaborou activamente no jornal clandestino "Avante" tendo a seu cargo na data em que foi preso a orientação revolucionária daquele jornal e todas as publicações de propaganda subversiva."
Em 21-11-1939, seu pai requer a sua libertação, rapidamente indeferido pelo capitão Agostinho Lourenço, diretor da PVDE.
Alberto de Araújo só regressará a Lisboa, por via do Decreto de amnistia n.º 35.041, em 6 de dezembro de 1945, mais de 8 anos depois de ter sido preso!
No Tarrafal, foi sujeito às maiores violências e privações, que afetaram gravemente a sua saúde débil, agravando a tuberculose de que padecia. Entre elas, Alberto de Araújo sofreu 32 dias de castigo na "frigideira". Mesmo doente, no entanto, deu aulas de português e francês aos seus companheiros.
Quando voltou a Almada, apesar do seu estado de saúde, abriu uma escola de português na Incrível Almadense e participou em diversas atividades culturais, nomeadamente no âmbito do MUD.
No dia 19 de Março de 1955, com apenas 45 anos, Alberto Araújo morreu no hospital de São José, em Lisboa.