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Artur Gomes Crescêncio Fernandes Teixeira

Artur Gomes Crescêncio Fernandes Teixeira
O Alfaiate
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Data da primeira prisão

Natural de Castro Daire, onde nasceu a 6 de março de 1901, filho de Emília Gomes Moita e António Crescêncio Fernandes Teixeira.
Conhecido por "O Alfaiate", que era a sua profissão, começou por ser por três vezes preso durante o período da 1ª República, acusado de ser bombista e integrar a Legião Vermelha: em 16-06-1925, "sob a acusação de ser legionário" (Processo 2732/PSE); em 10-11-1925, "por ordem superior, sendo solto na mesma data" (Processo 2846/PSE); e em 21-01-1926, "por ser bombista e fazer parte da Legião Vermelha" (Processo 2867/PSE). 
Em 22-06-1932, seis anos após o triunfo da Ditadura Militar, foi preso quando fazia parte do Grupo Sindical da Associação Fraternal da Classe dos Operários Alfaiates de Lisboa, "por estar envolvido na organização comunista", onde seria o "filiado nº 97 da célula nº 3 do Comité de Zona nº 1 do P.C.P.", e levado, incomunicável, para uma esquadra. No âmbito da militância comunista, teria sido incumbido por José de Sousa de alugar "uma casa na Rua Cidade Cardiff, nº 34, último andar, onde ficou instalada a sede clandestina do Partido, com arquivo e máquinas", ficando ambos a habitá-la. 
Com a prisão de Bernard Freund em janeiro de 1932, a sede foi mudada para o nº 54 da Avenida Sacadura Cabral, a qual passou também a ser a sua residência. Aí foi feita, juntamente com José de Sousa e Manuel Francisco Roque Júnior, uma "instalação em cimento armado, apropriada às máquinas, onde imprimiam os manifestos clandestinos". Foi nessa casa que foi preso, sendo "apreendido tudo quanto pertencia ao Partido, inclusive arquivos e máquinas". Apesar da importância da tarefa que lhe foi atribuída na sede partidária e os conhecimentos que detinha do que lá se passava, a Polícia considerou que a sua atividade seria mais relevante na associação de classe dos alfaiates, onde tinha abandonado há pouco tempo a Direcção "continuando a pertencer ao Grupo de Defesa Sindical" (Processo 460/SPS). 
Estava para ser deportado para Timor ou Cabo Verde, por parecer do Director Geral da Segurança Pública e anuência do Ministro do Interior de 11-08-1932), quando foi abrangido pela amnistia de 05-12-1932, sendo libertado 5 dias depois. No entanto, o seu Processo terá sido enviado, no início de 1933, ao Tribunal Militar Especial, tendo, segundo a obra coletiva Tribunais Políticos, sido julgado em 18-08-1934 (Fernando Rosas, Coord., 2009, p 299). Novamente preso pela Polícia de Vigilância e Defesa do Estado em 22-03-1935, "para averiguações", sendo levado para uma esquadra e libertado no dia 25 do mesmo mês (Processo 1395). 
Em 10-03-1937, quando já não teria militância activa, foi preso com Álvaro Pimenta Brás e outros elementos, "sob a acusação de promover agitação e propaganda subversivas". Levado para uma esquadra incomunicável, foi transferido para o Aljube em 21-04-1937. Segundo a acusação, continuava a ser procurado por militantes comunistas e a estabelecer ligações, tendo mantido contactos, entre outros, com Artur Alfredo Dias, José de Sousa Coelho, Joaquim Fernandes Teixeira e Reinaldo de Castro (Processo 3178). 
Julgado pelo Tribunal Militar Especial em 15-05-1937 no âmbito do Processo 460, embora tenha sido abrangido pela amnistia de 05-12-1932 na parte referente a ser "militante comunista, mascarando com a sua residência a sede clandestina do Partido e de fazer propaganda subversiva", como estava na posse de uma pistola e de 72 balas aquando da sua captura em 22-06-1932, foi condenado a dois anos e meio de degredo, ficando depois à disposição do Governo (Processo 14/933-TME). 
Integrou a 2ª Leva de Presos Políticos deportados para o Tarrafal, embarcando para Cabo Verde em 05-06-1937. Apesar de já ter cumprido a pena a que fora condenado e, em 12-03-1940, ter sido despronunciado pelo TME das acusações que constavam do Processo 3178, aquele que tinha motivado a sua última prisão, permaneceu no Tarrafal até 25-09-1944, cumprindo mais de sete anos de degredo. Chegado de Cabo Verde em 01-10-1944, seguiu para Caxias e, em 13-12-1944, foi entregue às Cadeias Civis Centrais de Lisboa.