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Augusto Casimiro dos Santos

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Data aproximada da primeira prisão
1931

Fez parte do grupo de intelectuais que lançou a revista Seara Nova, que dirigiu entre 1961 e 1967. Militar exemplar, viu-se reformado compulsivamente pela Ditadura.
Augusto Casimiro dos Santos nasceu em Amarante em 11 de Maio de 1889, filho natural de Cândida Rita dos Santos Prego Mester e do bacharel Casimiro Pinto de Magalhães. Foi nessa localidade que fez os seus estudos primários e liceais.
Aos 16 anos, tendo escolhido a carreira militar, assentou praça no Regimento de Infantaria de Coimbra. Frequentou, então, estudos universitários em Coimbra e, depois, o Curso de Infantaria da Escola do Exército (Coimbra), de que saiu graduado em 1909.
Desconhece-se a razão para, tão jovem, ter escolhido a carreira das armas. Nos dois ou três anos que se seguiram a ter assentado praça, gozando de licença para estudos, frequentou a Universidade de Coimbra; tinha então, entre dezassete e dezanove anos. Cedo se revelou como poeta e cronista, estreando-se como autor em 1906 e iniciando a sua colaboração na imprensa periódica na década de 1910. Também por esta altura aderiu aos ideais republicanos.
Casou em 1911, com Judite Zuzarte Cortesão, irmã do médico e historiador Jaime Cortesão. Desse casamento nasceram cinco filhos. Foi promovido a tenente em 1914 e participou no Corpo Expedicionário Português enviado à Flandres (1917-1918) na sequência da entrada de Portugal como Estado beligerante na Grande Guerra, sendo então promovido a capitão.
Após o termo da Grande Guerra, leccionou no Colégio Militar; depois, foi integrado como adjunto para a campanha que visava a delimitação da fronteira entre Angola e o então Congo Belga, trabalhando sob a direcção de Norton de Matos, Alto Comissário da República em Angola. Nesse período foi Governador do Distrito do Congo e Secretário Provincial, e Governador interino de Angola (1923-1926). Durante a permanência em Angola, escreveu largamente sobre temática de carácter colonial.
Regressou a Portugal em consequência do golpe de Estado fascista de 28 de Maio de 1926. Ligado aos movimentos de oposição republicana à Ditadura Militar instaurada, participou na chamada Revolta da Madeira (1931), sendo então demitido do Exército e, entre 1933 e 1936, desterrado em Cabo Verde.
Após a demissão do Exército, Augusto Casimiro passa a viver da parca pensão de reforma e dos rendimentos que obtinha como jornalista e escritor. Nos últimos vinte anos de vida ligou-se à política e à escrita, continuando a sofrer a perseguição da justiça militar e do aparelho repressivo fascista.
Foi reintegrado em 1937, após o que passou à reserva. Manteve a sua ligação à oposição democrática ao Estado Novo. Em 1945, foi um dos signatários de um manifesto de intelectuais democratas que, na sua edição de 10 de Novembro, o jornal vespertino «República» noticiava com o sugestivo título: Um grupo de intelectuais portugueses dirige-se ao país, afirmando que «só um povo livre pode gerar uma cultura e só a Democracia permite a formação de um povo livre».
Integra o Movimento de Unidade Democrática em apoio à candidatura presidencial de Norton de Matos (1949). Participa, em 11 de Novembro de 1950, numa sessão para assinalar o armistício da I Guerra Mundial, sendo um dos oradores convidados da sessão que se realizou no Centro Republicano António José de Almeida, juntamente com Mário Soares, o general Ferreira Martins, Maria Helena Mântua e Alves Redol. Em 1958, foi membro da comissão central da candidatura de Arlindo Vicente à Presidência da República.
Em 1961, foi candidato da Oposição Democrática à Assembleia Nacional pelo círculo eleitoral de Lisboa. Em Junho de 1964, foi testemunha de defesa de António Lopes Cardoso e de Maria Eugénia Varela Gomes, no chamado processo de Beja, relativo à tentativa de assalto ao quartel daquela cidade, a 31 de Dezembro de 1961.
Ligado à Seara Nova, acabou por dirigi-la, entre 1961 e 1967, na sequência da morte de Câmara Reys. Teve grande actividade literária. A sua vasta obra inclui poesia e prosa que vai da ficção, ensaio histórico e memorialismo aos estudos e artigos de intervenção social e política.
Publicou em múltiplos periódicos, com destaque para as revistas A Águia e Seara Nova; também se encontra colaboração da sua autoria nas revistas Serões (1901-1911), Amanhã (1909) e Atlantida (1915-1920). Privou com Teixeira de Pascoaes (seu conterrâneo), Jaime Cortesão e Raul Proença, entre outros.
Foi condecorado com a Cruz de Guerra, Fourragère da Torre e Espada, Ordem de Cristo, medalha de Ouro de Bons Serviços, Military Cross, Legião de Honra, Ordem de Avis e Ordem de Santiago.
Augusto Casimiro faleceu a 23 de Setembro de 1967, com 78 anos.