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Basílio Lopes Pereira

Basílio Lopes Pereira
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Data da primeira prisão

Nasceu na freguesia de Marmeleira, Mortágua, em 25 de dezembro de 1893, filho de Maria da Encarnação Araújo e de Joaquim Lopes Pereira.
Ainda estudante de direito, alistou-se no Batalhão Académico que, em 1919, foi combater a Monarquia do Norte e, já advogado, esteve filiado no Partido Democrático.
Vigiado desde o triunfo do golpe militar de 28 de maio de 1926, acusado de conspirar contra a situação, foi alvo de uma sindicância por, durante a revolução de 3 de fevereiro de 1927, se ter deslocado ao Porto, acompanhando de perto os acontecimentos, ainda que sem ter tido  qualquer intervenção.
Instalou-se em Oliveira de Azeméis, onde foi notário e administrador de concelho, sendo as suas visitas, companhias e reuniões, bem como as frequentes movimentações a Águeda, Albergaria-a-Velha, Anadia, Porto, Viseu e Lisboa, registadas por informadores. A vigilância intensificou-se em 1930 e, na sequência de uma deslocação, em 11 de abril, a Coimbra, onde reuniu, entre outros com Cal Brandão, a Polícia de Informações desta cidade solicitou, no dia 24, a sua captura pela do Porto, o que sucedeu no dia 26 de abril. Seguiu, em 30 de abril, de Coimbra para Lisboa, acusado de ser “agente de ligação entre os elementos revolucionários de Coimbra e Viseu” e, em 8 de julho, foi deportado para Angra do Heroísmo, sendo-lhe fixada residência em Ponta Delgada.
Participou no movimento revolucionário de abril de 1931 e, durante o processo de rendição da ilha de S. Miguel, integrou o grupo de revoltosos civis e militares, quase todos deportados, que se dirigiu para a Madeira no vapor Pero de Alenquer. Fracassada a revolta, escapou à prisão e juntou-se, em Espanha, ao grupo dos "Budas".
Regressou clandestinamente a Portugal e envolveu-se na preparação do movimento revolucionário de agosto de 1931 e, quando este eclodiu em Lisboa no dia 26, procurou mobilizar, em Matosinhos, civis e militares a fim de estudar a possibilidade de o secundar no norte.
Preso novamente em 1 de novembro de 1932, em Lisboa, na casa de António Freire Sobral, por andar fugido à polícia “em virtude de se ter evadido das Ilhas, onde se encontrava deportado”, seria libertado em 8 de dezembro, por ter sido abrangido pela amnistia de 5 de dezembro de 1932.
Preso de novo em 11 de março de 1933, “sob a acusação de estar envolvido em manejos revolucionários”, acabou por ser libertado em 20 do mesmo mês, já que os acontecimentos que o incriminavam eram anteriores àquela amnistia e, por isso, abrangidos por esta.
Em setembro de 1934, encontrava-se fugido à polícia, “por estar envolvido na organização revolucionária do Porto”, sendo julgado em 8 de maio de 1935, à revelia, pelo Tribunal Militar Especial reunido no Tribunal Militar Territorial do Porto. Acusado de fazer parte de uma organização revolucionária que atuava no norte do país, cujas reuniões, realizadas entre maio e setembro de 1934, decorreram em Pinheiro de Bemposta, Ermesinde e Trofa, foi condenado em sete anos de desterro e multa de catorze mil escudos.
Tornou-se um dos mais representativos elementos do "Grupo dos Budas" no interior do país (liderado, a partir de Madrid, por Jaime Moraes, Alberto Moura Pinto e Jaime Cortesão) e um dos responsáveis pela Ação Anticlerical Anti-Fascista (os 3 AAA) que, durante a Guerra Civil de Espanha, procurou ajudar refugiados republicanos.
Em 1937, deslocou-se a Paris e a Barcelona, a fim de se encontrar, na qualidade de delegado da direção do interior da FPP (Frente Popular Portuguesa), com o governo republicano espanhol e com os exilados portugueses.
Em 1938, foi o responsável pela organização civil que devia revoltar-se para apoiar a operação “Lusitânia”. Preso em 26 de setembro de 1938, “por andar fugido à ação da Justiça”, seguiu para a Cadeia do Aljube. Julgado pelo TME em 27 de junho de 1939, viu a pena de desterro passar para cinco anos, a multa ficou reduzida a quinhentos escudos e perda de direitos políticos por dez anos.
Transferido, em 29 de junho, para Peniche e julgado, por ter interposto recurso, em 19 de agosto, foi mantida a sentença que lhe fora aplicada. Regressou ao Aljube em 10 de outubro e devido a novo julgamento, datado de 18 de outubro, foi acrescentado mais um ano de desterro aos cinco determinados anteriormente.
Passou, em 30 de outubro, para Caxias e, em 23 de fevereiro de 1940, seguiria para o Campo de Concentração do Tarrafal, de onde regressou em 10 de junho de 1942, saindo em liberdade.
Abriu escritório de advocacia em Barcelos, sendo preso nessa localidade em 24 de novembro de 1949, “para averiguações de crimes contra a segurança do Estado”, foi levado para a Delegação do Porto da PVDE. Libertado em 26 de novembro de 1949. Em 1953, foi candidato da Oposição, pelo círculo de Aveiro, à Assembleia Nacional. Faleceu em 25 de maio de 1959, em Lisboa.