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Carlos Alberto Rodrigues Pato

007081
19199
Data da primeira prisão

Carlos Alberto Rodrigues Pato nasceu a 21 de dezembro de 1920, em São João dos Montes, Vila Franca de Xira, filho de Maria Rodrigues Pato e de João Floriano Baptista Pato. Irmão do dirigente do PCP Octávio Pato, era empregado bancário no Banco Nacional Ultramarino em Vila Franca de Xira e prestigiado dirigente associativo, sendo presidente do Ateneu Artístico Vilafranquense entre 1945 e 1949.
Terá aderido em 1937 ao Partido Comunista Português. Pouco depois, tornava-se membro do Comité Local de Vila Franca de Xira. No processo de reorganização do PCP do início da década de 40, Carlos Pato foi um elemento muito ativo, integrando, juntamente com António Dias Lourenço e Soeiro Pereira Gomes, o Comité Regional do Ribatejo.
Membro do Movimento de Unidade Democrática, destacou-se também na comissão de apoio à candidatura presidencial do General Norton de Matos.
Aproxima-se, desde muito jovem, do movimento neo-realista. Um ano após a sua morte, será publicado o livro “Alguns Contos”, um pequeno livro com três contos seus, prefaciado por Alves Redol: Vejo-te ainda... Vejo-te sempre! Compreensivo e digno, amoroso e forte, aberto às melhores promessas dos nossos dias, sensível à dor alheia, rebelde para as injustiças, e bom, sempre bom, com esse sorriso tão suave que era a imagem de ti próprio, que era o reflexo dum coração onde não cabia o ódio nem a cobardia...
E Redol sublinha que “foi para homens como tu que estes versos se cantaram”, citando versos de José Gomes Ferreira: Volta-te e olha para a terra //- a carne da tua sombra/de flores acesa //Céu para quê? //O céu é para os que esperam //E tu morreste por uma certeza!
E de Carlos de Oliveira: Mais vivo porque sofreste //A morte não veio, foi-se // A eternidade constrói-se // Na beleza com que viveste.
Ou ainda de Sidónio Muralha:
Largos versos irrompem do teu silêncio de granito //E tu vives inteiro em cada grito //Tu que foste maior que todas as poesias.
Preso pela primeira vez a 27 de abril de 1947 "para averiguações", Carlos Pato foi levado para o Depósito de Presos de Caxias, de onde saíu cerca de 3 meses depois, em regime de liberdade condicional, passando à liberdade definitiva em 30 de junho de 1948.
Um ano mais tarde, a 28 de maio de 1949, é de novo preso e regressa a Caxias, sendo transferido para a Cadeia do Aljube em 1 de julho de 1949 e novamente para Caxias em 19 de outubro, na mesma data em que é "posto à disposição dos Tribunais Criminais de Lisboa".
Na sequência de violentas torturas a que foi submetido, Carlos Pato, de 29 anos, morre na prisão de Caxias em grande sofrimento por problemas cardíacos e respiratórios e recusa de assistência médica pela PIDE.
Apesar dos esforços da polícia para ocultar este assassinato, o funeral de Carlos Pato decorreu em Vila Franca de Xira com grande participação popular.