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Carlos Sambú

Carlos Sambú
Data aproximada da primeira prisão
1962

Nascido em Mansoa a 5 de Março de 1936, Carlos Sambu foi mobilizado para o PAIGC em 1960, por um grande amigo, Sancum Cissé, que integrava a rede de Rafael Barbosa. Viajava frequentemente entre Bissau e Morés, como elo de ligação. Foi numa dessas viagens, em que acompanhara dois fugitivos à tabanca de Mancalan, que foi preso pela PIDE. 
Levado para a Segunda Esquadra, em Bissau, ali foi torturado – “A tortura foi muito dura. Por causa disso não podia sequer comer arroz!” – sendo depois enviado para a Ilha das Galinhas e, um dia depois, para o Tarrafal, no navio "África Ocidental": “No princípio pensávamos que íamos ser levados até um ponto do alto mar e atirados para a água. Mas, não sei como, o Carlos Rocha soube e nos segredou que íamos ser levados para Cabo Verde. (…) Quando chegámos fomos logo levados à prisão do Tarrafal.”
“Na fase inicial, não tínhamos sequer recreio. (…) começámos a inchar, achámos que era por causa do clima. E nisso morreram dois de nós – um de hérnia, Cotubo Cassamá, e outro, Biaba Na Abué (ou Biaba Nabué), de inchaço. Foi depois disso que passámos a ter recreio.”
Foi-lhes também distribuída mancarra, por ordem de um médico. Com o estômago enfraquecido pela tortura, Carlos Sambu “não comia arroz, só batata, e tinha cinco litros de leite por dia.”
Fez parte do último grupo de guineenses a deixar o Tarrafal, em 1969 e só depois de mais algum tempo de prisão em Bissau seria libertado. 
Enquanto no Tarrafal trabalhou em algumas obras no interior do campo – “pintava”. Integrou, também, um conjunto musical criado pelos presos guineenses, o Comussa, onde tocava tumba.
Após a independência, trabalhou na Polícia, em Mansoa. Dedicou-se depois ao cultivo de caju. 
Segundo afirmou, “no Tarrafal não fomos muito maltratados, como aconteceu quando estivemos presos na Guiné.”
 

Texto e fotografia a partir de "Tarrafal-Chão Bom, Memórias e verdades", de José Vicente Lopes, a quem agradecemos.