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Francisco Silvério Mateus

Francisco Silvério Mateus
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Data da primeira prisão

Filho de Maria da Conceição e de Silvério Mateus, Francisco Silvério Mateus nasceu em 27 de janeiro de 1903, em Vila Franca de Xira.
Pedreiro, com residência em Lisboa, terá aderido no início da década de 30 ao Partido Comunista por intermédio de Agostinho dos Reis, nome que, no entanto, nunca foi detido nem consta de outra documentação.
Por indicação desse Agostinho dos Reis, organizou uma Célula na zona de Benfica, de que seria o Secretário, composta por Joaquim Bacalhau [?] e Mário de Almeida Pinto. 
Decorridos cerca de dois anos, talvez em 1933, terão entrado para aquela Célula Américo da Silva, Américo Fernandes e José Ramalho.
Segundo o seu Cadastro Político [ANTT, Cadastro 5193], Francisco Silvério procedeu, por indicação de Agostinho dos Reis, à organização do Comité de Zona Nº 3 do Partido Comunista, integrando os nomes acima referenciados.
Além de controlar a Célula Nº 3, composta por Carlos José Esteves e Joaquim Bacalhau, Francisco Silvério Mateus assegurava a ligação daquele Comité de Zona ao Comité Regional de Lisboa do Partido Comunista.
No âmbito das atividades do Comité de Zona Nº 3, por indicação de Agostinho dos Reis, Francisco Silvério Mateus interveio nos preparativos da Greve Geral de 18 de janeiro de 1934, juntamente com Américo Fernandes e Joaquim Bacalhau, cabendo-lhes atuar junto às portas das fábricas de Benfica e inutilizar a rede elétrica, entre outras ações locais. 
No dia 18, reuniu-se com Américo Fernandes, Joaquim Bacalhau, José Pires, José Ramalho e Renato Duarte Simões, entre outros, de forma a executarem um atentado contra a locomotiva de comboio que, à meia-noite, costumava passar pela Estação de Benfica. No entanto, só Francisco Silvério Mateus e Américo Fernandes estiveram envolvidos no lançamento de duas bombas [Processo 1075/SPS].
Preso em 24 de fevereiro de 1934 e julgado em 14 de agosto, foi condenado a doze anos de degredo, com prisão, multa de vinte mil escudos, ficando à disposição do Governo [Processos 153/934 e 162/934, do Tribunal Militar Especial].
Apesar do recurso interposto, o mesmo Tribunal, reunido em 1 de setembro, manteve a sentença. 
Francisco Silvério Marques embarcou para Angra do Heroísmo em 23 de setembro de 1934 e dois anos depois, em 23 de outubro de 1936, integrou a primeira leva de presos políticos enviados para o Campo de Concentração do Tarrafal.
Em 1945, subscreveu a exposição dirigida por presos políticos no Tarrafal à Comissão Executiva do Movimento de Unidade Democrática (MUD), que saudava e apoiava as resoluções tomadas na sessão de 8 de outubro de 1945. Subscreveram-na ainda, António Batista, António Gato Pinto, António Franco Trindade, António Gonçalves Coimbra, Armindo Guimarães, Constantino, Eurico Martins Pires, Jaime Tiago, João Maria, Joaquim Pedro e Tomás Marreiros. 
Posto à disposição do Ministério da Justiça em 31 de Dezembro de 1945, o Tribunal de Execução das Penas só lhe concedeu a liberdade condicional em finais de 1949, com as seguintes condições: "fixação de residência na Colónia de Cabo Verde, sem prejuízo da vinda à Metrópole, mediante autorização"; "não frequentar meios ou locais, especialmente procurados por indivíduos suspeitos"; "não acompanhar com pessoas de má conduta, designadamente antigos companheiros, que tenham estado ligados a quaisquer actividades subversivas"; e "aceitar a protecção e indicações de uma instituição de Patronato ou de pessoa encarregada de a exercer".
Saiu em liberdade condicional, por três anos, em 23 de dezembro de 1949, ao fim de quase dezasseis anos de prisão e depois ter já cumprido a pena a que fora condenado.
Regressou a Lisboa em 13 de fevereiro de 1950 e só obteve a liberdade definitiva em 13 de dezembro de 1952.