Humberto da Silva Delgado, nasceu em Boquilobo, Torres Novas, a 15 de maio de 1906,filho de Joaquim da Silva Delgado, oficial do exército, e de Maria do Ó Pereira Delgado.
Frequentou o Colégio Militar e a Escola do Exército, onde se formou em Artilharia de Campanha, em 1925. Ingressou então na Escola Prática de Artilharia.
Participou ativamente no golpe do 28 de maio de 1926, que implantou a Ditadura Militar.
Frequentou o curso de observador aeronáutico (1926-1927) e, no ano seguinte, tirou o curso de oficial piloto aviador. Entre 1929 e 1932 fez os preparatórios do Curso de Estado-Maior e de 1932 a 1936 frequentou a Escola Central de Oficiais, concluindo o Curso de Estado Maior.
Exerceu funções de adjunto militar do Comando Geral da Legião Portuguesa e de Comissário Nacional Adjunto da Mocidade Portuguesa.
Em 1929, realizou uma visita de estudo à aviação francesa e, em 1932, visitou o Marrocos sob ocupação espanhola. Durante a Guerra Civil de Espanha, fez parte de uma missão da Legião Portuguesa às zonas controladas pelos revoltosos.
Enquanto major, integrou, nos anos de 1938 e 1939, a “Missão Militar às Colónias”, chefiada pelo general Pereira Lourenço, percorrendo vários territórios coloniais.
Em 1942, participou empenhadamente nas negociações para a cedência à Grã-Bretanha de bases nos Açores “para o emprego de aviões e de navios de superfície”, sendo designadamente nomeado para acompanhar o projeto de construção de um novo Aeródromo, nas Lajes (a concessão de facilidades nos Açores foi oficializada a 17 de agosto de 1943).
Em 1944, Humberto Delgado foi nomeado diretor-geral do Secretariado da Aeronáutica Civil e, em 1945, fundou os Transportes Aéreos Portugueses (TAP), criando as linhas de ligação aérea com Angola e Moçambique. Em 1952, foi nomeado adido militar na Embaixada de Portugal em Washington e membro do Comité dos Representantes Militares da NATO. Com 47 anos foi promovido a general.
Em 1958, apresentou-se como candidato independente às eleições presidenciais. Questionado sobre o que faria a Salazar se fosse eleito, afirmou “Obviamente, demito-o!”, o que provocou imediato e entusiástico apoio popular à sua candidatura, levando também à desistência a seu favor do candidato oposicionista Arlindo Vicente.
Após a burla eleitoral, Delgado foi imediatamente demitido das funções que exercia e viu-se obrigado a procurar asilo político na Embaixada do Brasil, partindo para o exílio a 21 de abril de 1959.
No Rio de Janeiro, liga-se a outros oposicionistas exilados em diversos países da América Latina e assume o desvio do paquete Santa Maria (a que chamaram “Santa Liberdade”) por um grupo de portugueses e espanhóis que integravam o DRIL (Directório Revolucionário Ibérico de Libertação) dirigido por Henrique Galvão - a "operação Dulcineia".
O “General sem medo” entra clandestinamente em Portugal para apoiar a Revolta de Beja, em 31 de dezembro de 1961, conseguindo escapar depois de se fazer fotografar em vários locais.
Abandonando o Brasil, Delgado deslocar-se-á a Praga para uma reunião com Álvaro Cunhal, a 23 e 24 de maio de 1963, seguindo depois para a Argélia, onde estava instalada a Frente Patriótica de Libertação Nacional (FPLN) e participando na II Conferência da FPLN, realizada em Praga, entre dezembro de 1963 e janeiro de 1964. Seguir-se-ia um internamento urgente num hospital de Praga – onde virá a receber as visitas de Álvaro Cunhal e de Mário Soares.
Acabou, entretanto, por entrar em conflito com a maioria dos dirigentes da FPLN, ansioso pela concretização de ações que levassem ao derrube da ditadura. Deixa-se enredar por elementos a soldo da PIDE, designadamente o italiano Ernesto Bisogno e o português Mário de Carvalho, que executam um elaborado plano de cerco e aniquilamento de Humberto Delgado (a “Operação Outono”) que, no essencial, visava atraí-lo a uma cilada na fronteira entre Portugal e Espanha, a pretexto de um alegado encontro com oficiais do Exército.
Humberto Delgado e a sua secretária, a brasileira Arajaryr Moreira Campos, serão ambos assassinados, no dia 13 de fevereiro de 1965, a cerca de cinco quilómetros de Villa Nueva del Fresno, nas cercanias de Badajoz, por uma brigada da PIDE integrada por António Rosa Casaco, Casimiro Monteiro, Agostinho Tienza e Ernesto Lopes Ramos