banner

 

João Rodrigues

João Rodrigues
O João da Quinta
100
Data da primeira prisão

Nasceu em Vila Real de Santo António, em 9 de maio de 1911, filho de Mariana Sales Viriato e de João Pedro Rodrigues.
Desenhador litógrafo, a viver e a trabalhar em Vila Real de Santo António, esteve envolvido, enquanto anarquista, nos preparativos locais da greve de 18 de janeiro de 1934. Participou, em novembro de 1933, numa reunião em Castro Marim e, em 16 de dezembro, entregou a António Laureano, militante comunista de Vila Real de Santo António, uma mala contendo bombas.
Apesar do movimento não ter eclodido naquela cidade, foi preso, entregue, em 3 de fevereiro de 1934, pelo Comando da PSP de Faro à PVDE e levado para a 1.ª esquadra, em Lisboa. Julgado pelo Tribunal Militar Especial em 7 de abril, “acusado de, em novembro de 1933, se ter reunido com outros indivíduos em Castro Marim, concertando entre si planos de preparação para o movimento revolucionário do 18 de janeiro” e, em 16 de dezembro, “no sítio da Encalha, donde parte a estrada para Castro Marim, ter feito entrega de uma mala com dinamite a um indivíduo de nome Laureano e ter levado outra mala com bombas de dinamite para Vila Real de Santo António”, seria condenado em 14 anos de degredo e vinte mil escudos de multa, ficando entregue ao Governo. Interpôs recurso, mas o TME de 16 de abril confirmou a sentença.
Seguiu, em 8 de setembro, para Angra do Heroísmo, a fim de ficar detido na Fortaleza de S. João Batista e, em 23 de outubro de 1936, embarcou para Cabo Verde, com destino ao Campo de Concentração do Tarrafal. Entregue, em 31 de dezembro de 1945, ao Ministério da Justiça, foi transferido do Tarrafal para Peniche, tendo desembarcado do “Rovuma” em 19 de agosto de 1950 e seguido para aquele forte.
Em 17 de março de 1951, o Tribunal de Execução das Penas permitiu-lhe a liberdade condicional por quatro anos, com residência fixada em Vila Real de Santo António e sob vigilância da GNR local. Em 28 de maio de 1955, foi prorrogada, por três anos, o prazo da liberdade condicional. A liberdade definitiva só lhe seria concedida em 31 de março de 1958.
Preso durante dezassete anos consecutivos, emigrou para França, país onde continuou a trabalhar depois do 25 de abril de 1974.
O livro “Tarrafal – Testemunhos”, editado em 1978, identifica-o como militante do Partido Comunista desde 1933, enquanto Fátima Patriarca, em "Sindicatos contra Salazar. A revolta de 18 de janeiro de 1934", de 2000, refere-se-lhe como “anarquista”.