banner

 

José João Craveirinha

017562
Data aproximada da primeira prisão
janeiro 1965

Cidadão da Resistência antifascista, moçambicano, esteve preso durante 4 anos por lutar contra o colonialismo na sua pátria. Escritor de poemas e contos, homem de extraordinária humildade, gostava de se dizer aprendiz de poeta.

José Craveirinha foi também um prestigiado desportista.

José Craveirinha nasceu a 28 de maio de 1922, na então Lourenço Marques (Maputo), e faleceu a 6 de Fevereiro de 2003 em Joanesburgo, África do Sul. A sua família partiu para Moçambique em 1908, e José Craveirinha iria nascer no bairro da Mafalala e estudar na escola «Primeiro de Janeiro». Filho de um algarvio de Aljezur que fazia versos, aos 8 anos de idade José Craveirinha recitava Camões. Ainda adolescente, começou a frequentar a Associação Africana. Pelos vinte anos iniciou a sua carreira como jornalista no «O Brado Africano«, e a partir daí colaborou em diversos órgãos de informação, em Moçambique.

Fez campanha contra o racismo no Jornal Notícias, onde trabalhava. Teve um papel importante na vida da Associação Africana, na década de 50, e foi seu presidente. Em 1958, começou a trabalhar, também, na Imprensa Nacional, mas continuou no Notícias até à fundação do jornal A Tribuna, em 1962.

Entre 1964 e 1968, José Craveirinha esteve preso pela PIDE. Militante da FRELIMO, envolvido na luta pela independência de Moçambique, já era poeta publicado quando a PIDE o acusou de actividades subversivas e o mandou para a prisão durante 4 anos, em dois processos que envolveram também Malangatana e Rui Nogar.

Como jornalista, colaborou nos periódicos moçambicanos O Brado Africano, Notícias, Tribuna, Notícias da Tarde, Voz de Moçambique, Notícias da Beira, Diário de Moçambique e Voz Africana. Utilizou os seguintes pseudónimos: Mário Vieira, J.C., J. Cravo, José Cravo, Jesuíno Cravo e Abílio Cossa.

Foi o primeiro presidente da Mesa da Assembleia Geral da Associação dos Escritores Moçambicanos, entre 1982 e 1987.

Iniciou-se cedo na escrita literária, mas a sua poesia demorou a ser publicada. Em Lisboa, a primeira obra a surgir foi Xigubo, em 1964, editada pela Casa dos Estudantes do Império. A partir de determinada altura, a consciência política do autor passou a reflectir-se em obras como O Grito e O Tambor.

A sua obra é fortemente marcada por um carácter popular e moçambicano. José Craveirinha assume na poesia a sua oposição ao colonialismo e ao regime de Salazar. Juntamente com Noémia de Sousa, sua companheira, sua musa inspiradora e também ela poeta, criou o movimento Negritude, influenciado pelo neo-realismo português. A exaltação dos valores africanos contra o racismo da metrópole era o ponto comum das suas produções intelectuais.

Os seus tempos de cárcere serão recordados em Cela 1, livro de poesia lançado em 1980, dezasseis anos depois de o ter escrito.

Vice-presidente do Fundo Bibliográfico de Língua Portuguesa, escritor galardoado com o prémio «Vida Literária» da Associação de Escritores Moçambicanos, foi homenageado no dia 28 de maio de 2002, na sequência da iniciativa do governo moçambicano em consagrar o ano de 2002 a José Craveirinha.