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José Rodrigues Reboredo

José Rodrigues Reboredo
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Data da primeira prisão

Nasceu perto de Barcelos, em 19 de julho de 1891, filho de Teresa Gomes de Carvalho e de José Rodrigues Reboredo. Frequentou os primeiros anos do liceu e, por falecimento do pai, enveredou pela profissão de confeiteiro, área onde se tornou um reconhecido especialista, nacional e internacional, começando a trabalhar em Viana do Castelo.
Simultaneamente, envolveu-se na ação sindical: pertenceu à Associação dos Operários Confeiteiros e à comissão administrativa da União dos Sindicatos Operários do Porto e da Câmara Sindical do Trabalho, sendo, ainda o delegado da Confederação Geral do Trabalho naquela cidade, onde passou a residir.
Foi, ainda, um importante propagandista dos ideais anarquistas, com colaboração na sua imprensa, sendo editor, administrador e redator de “A Aurora”, “A Comuna” e “A Vanguarda Operária”, todos do Porto. Anteriormente, ainda em Viana do Castelo, tinha sido editor de “A Voz do Produtor” (1917).
Preso em 14 de maio de 1927, “por ser anarquista”, saiu em liberdade dois dias depois. Em julho de 1932, continuava a ser referenciado como um “elemento anarquista” e andava fugido, refugiando-se na província, acusado de ser o autor e distribuidor dos manifestos intitulados “Ao Povo de Paranhos”.
Passou, clandestinamente, a fronteira e exilou-se em Espanha. Primeiro, na Galiza, mais tarde, em Madrid e, por fim, radicou-se em Barcelona, onde desenvolveu intensa atividade de âmbito anarquista, sendo a sua principal figura: filiou-se na CNT (Confederação Nacional do Trabalho), onde era o representante da CGT portuguesa, impulsionou a Federação dos Anarquistas Portugueses Exilados (FAPE), dirigindo o seu secretariado, e publicou o jornal “Rebelião”.
Com a revolta militar franquista contra a República, continuou a colaborar com os anarquistas espanhóis e, perante o avanço dos nacionalistas, atravessou, com a mulher, a filha Aurora, a neta e o genro, o também anarquista Manuel Francisco Rodrigues, os Pirenéus, refugiando-se em França, onde seria encarcerado nos campos de internamento de Argelès-Sur-Mer e, depois, no de Gurs.
De regresso a Portugal, foi detido em 15 de dezembro de 1940, em Beirã, Marvão, e levado, no dia seguinte, para a 1.ª esquadra de Lisboa (Governo Civil). Seguir-se-á a Cadeia do Aljube, em 20 de dezembro, Caxias, em 21 de fevereiro de 1941, novamente a 1.ª esquadra, em 6 de março, regressando a Caxias em 13 de março, e transferido para o Forte de Peniche em 22 de junho.
Em 4 de setembro de 1941, seria deportado, sem qualquer julgamento, para o Campo de Concentração do Tarrafal, de onde regressou em 20 de fevereiro de 1945 e libertado.
Antes de abandonar o campo concentracionário, escreveu, com José Correia Pires, uma carta “A todos os companheiros da Organização Libertária do Campo do Tarrafal”, onde se apelava à preservação da unidade de sindicalistas, anarcossindicalistas, anarquistas e libertários, sob a égide da CGT e do jornal “A Batalha”, e se enunciavam os perigos caso triunfassem as dissensões, outrora tão prejudiciais.
Faleceu em 17 de Junho de 1952, no Porto. Segundo Alexandre Vieira, em Figuras Gradas do Movimento Social Português (edição do autor, 1959), “O seu funeral foi uma eloquente manifestação de respeito por quem tivera tanto de inteligência e probidade, como de modesto”.