Prestigiado advogado algarvio, destacou-se, desde muito jovem, na Resistência contra o fascismo. Homem de grande carácter e fortes convicções, intelectual de enorme relevo nas décadas de 40 e 50, mostrou sempre coragem e frontalidade na defesa dos direitos fundamentais e manteve permanente intervenção na vida social e política.
Foi dirigente da Oposição Democrática e candidato, por Faro, à Assembleia Nacional, em 1957, e em 1969 pela CDE. Casou na prisão com Maria Clementina Ventura.
Manuel de Aguiar Campos Lima nasceu na freguesia de S. Sebastião da Pedreira, em Lisboa, a 8 de junho de 1916 e faleceu a 25 de janeiro de 1996. Era filho do advogado e escritor João Evangelista de Campos Lima, intelectual de orientação libertária que se destacou na denominada Questão Académica de 1907.
Licenciou-se em Direito na Universidade de Lisboa, tendo frequentado depois o curso de Ciências Históricas e Filosóficas.
Desde 1945 participou ativamente em todos os movimentos de oposição ao Estado Novo. Foi dirigente nacional do MUNAF-Movimento Nacional de Unidade Antifascista. Em maio de 1948 foi preso e acusado de ser membro do Partido Comunista. Radicou-se no Algarve em 1952, exercendo a advocacia em Portimão. Foi um dos primeiros jovens a aderir ao MUD Juvenil.
Em 1958, foi um dos promotores da candidatura de Arlindo Vicente à Presidência da República e voltou a ser preso na sequência da campanha de Humberto Delgado.
No final da década de 60 e princípio da década de 70, foi dirigente do Movimento CDE e fez parte da comissão organizadora do III Congresso da Oposição Democrática, realizado em Aveiro em 1973.
Durante a Ditadura, ao longo de muitos anos, usou o seu escritório de advocacia como espaço de encontros e reuniões da Oposição.
Impulsionador do Neorrealismo, tem colaboração ensaística e crítica em numerosos jornais e revistas e publicou vários contos, inseridos na corrente neo-realista. Foi diretor do semanário de literatura e crítica O Diabo, no último ano da sua existência e até ser proibido pelos serviços de censura (1940); e foi colaborador permanente da revista Seara Nova.
A Câmara Municipal de Portimão atribuiu-lhe, em 2010, a título póstumo, a Medalha de Mérito Municipal Grau prata.
O seu espólio literário (contos, ensaios e artigos de critica literária) está disponível no Museu do Neo-Realismo, em Vila Franca de Xira.
(Fotografia cedida a Helena Pato pela filha Maria da Paz Campos Lima)