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Manuel dos Santos Pimenta

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Data da primeira prisão

Alferes de Artilharia do Corpo Expedicionário Português, com uma carreira exemplar, integrou o grupo de opositores à Ditadura Militar. Após várias prisões, nomeadamente em 1927 e 1928, participou no movimento revolucionário de 26 de agosto de 1931 e foi detido nesse mesmo dia. Deportado para Timor uma semana depois, a 2 de setembro, aí permaneceu até ser abrangido pela amnistia de 5 de dezembro de 1932. Regressado a Portugal em junho de 1933, morreu poucos meses depois, aos 42 anos de idade.
Nasceu em Lisboa, S. Pedro de Alcântara, a 1 de janeiro de 1891, segundo filho de Maria José dos Santos e de Miguel José da Silva Pimenta. Devido ao precoce falecimento do pai, foi estudar, com o irmão Joaquim, para a Casa Pia e, posteriormente, seguiu a carreira militar, ingressando como voluntário no Exército, na Arma de Artilharia. Colocado no Quartel de Alcobaça, no Regimento de Artilharia, veio a casar com Maria Justina da Silva.
No contexto da I Guerra Mundial, integrou a 2.ª Bateria de Artilharia de Montanha e embarcou para o sul de Angola (Moçamedes) no dia 11 de setembro de 1914, onde esteve 335 dias como chefe da secção de artilharia. Participou na batalha de Naulila, em 18 de dezembro de 1914, com o então Tenente Aragão, e deve ter feito parte do grupo de sargentos e oficiais presos pelos alemães.
Regressou a Portugal, e para junto da esposa, que continuava a residir em Alcobaça, em 1915. No ano seguinte, em 16 de agosto, nasceu o único filho, Carlos dos Santos Pimenta (1916-2001) e, poucos meses depois, em 23 de dezembro, seguiu para França, fazendo parte da Missão de preparação de Artilharia Tiro Tenso. Fez o curso de Artilharia de Campanha e foi promovido a aspirante a oficial. Em 6 de janeiro de 1917, já Alferes, integrou a 53.ª Bateria do Exército Britânico (Royal Field Artillery), de onde regressou em 19 do mesmo mês. Em 7 de Maio, marchou para a frente com a sua bateria. Gaseado, recebeu, em 7 de julho, tratamento no posto avançado de socorros em Le-Touret. Combateu em várias frentes, incluindo a de La Lys, tendo regressado ao país em 8 fevereiro de 1919, no navio inglês "Helenus". Pela sua valentia na frente de batalha, foi condecorado com a Cruz de Guerra de 2.ª classe e duas Cruzes de Guerra Colectivas, recebeu várias medalhas – as da Vitória, de França, de África e de Bons Serviços – além de várias e honrosas citações do C.E.P. e do Exército. Em 28-06-1919, foi-lhe conferido o grau de Cavaleiro da Ordem de Cristo.
Colocado no Regimento de Artilharia Nº 1 de Alcobaça, destacou-se, em janeiro de 1919, quando a Bateria de Artilharia, sob o seu comando, foi combater a “Monarquia do Norte”, recebendo, por isso, honras e homenagens naquela vila, tanto por parte da autarquia, como dos populares, aquando do regresso dos combates. Numa homenagem feita no Teatro Alcobacense, os republicanos locais entregaram-lhe uma espada de honra, tendo gravado na lâmina a seguinte dedicatória: «Ao Digníssimo Alferes de Artilharia N.º 1, Sr. Manuel dos Santos Pimenta. Homenagem do maior apreço e estima do povo republicano de Alcobaça». Além disso, foi-lhe entregue «um “sitk”, puro cavalo marinho, com aplicações em prata, adquirido por subscrição aberta entre as mulheres republicanas de Alcobaça», tendo presenciado a cerimónia várias figuras republicanas, como Cunha Leal e Ramada Curto. Apesar das honras, era considerado uma pessoa modesta e afável.
Em 1920, foi ajudante de campo do coronel Roberto da Cunha Baptista (1874-1932), quando este ocupou, por pouco tempo, a pasta da Guerra. A partir de 1921 serviu na Guarda Nacional Republicana.
Por razões ainda não apuradas, chegou a ser detido, e logo solto, em dezembro de 1923, setembro de 1924 e maio de 1926.
A sua brilhante carreira militar foi interrompida pela instauração da Ditadura Militar, sendo preso em 25 de novembro de 1927, «por motivos políticos», e em 15 de outubro de 1928, «por soltar gritos subversivos». A morar em Lisboa, na Rua Morais Soares, passou a ser escriturário. Vigiado, uma informação de 26 de junho de 1930 dá conta de que Manuel Pimenta se relacionava com o coronel Dias Antunes e o professor Simões Raposo.
No ano seguinte, em 26 de agosto de 1931, foi preso enquanto participante no movimento revolucionário e deportado para Timor no navio Pedro Gomes. Na lista dos deportados consta como "escriturário" - ver 380 deportados).  Embarcou em 3 de setembro, chegou a Dili em 16 de outubro de 1931 e foi levado para os campos de concentração organizados pelas autoridades coloniais no enclave de Oecussi e na ilha de Ataúro, onde permaneceu muitos meses. Em 25 de Maio de 1932, fez parte da comissão organizadora do funeral de Alberto de Almeida (1907-1932) que terá adoecido e enlouquecido no campo de concentração de Ataúro.
De Díli, Manuel enviou para familiares várias fotografias suas. Destaca-se a que se encontrava na posse do filho Carlos: uma fotografia de um grupo de 18 deportados em Díli com uma bandeira de Portugal. Além de Manuel dos Santos Pimenta, estarão na fotografia Arnaldo Simões Januário e António Simões Raposo Júnior, segundo o investigador José António Cabrita.
Abrangido pela amnistia de 5 de dezembro de 1932, foi autorizado a regressar com outros deportados no vapor Moçambique, expressamente fretado para o efeito, o qual largou do porto de Díli em 27 de abril de 1933, para atracar em Lisboa, no Cais da Areia, na manhã de 9 de junho seguinte. Foi viver para a Rua das Amoreiras, perto da casa do seu único irmão, Joaquim dos Santos Pimenta (1882-1955) que, seguramente, o deve ter ajudado a sobreviver no regresso à pátria.
Manuel faleceu a 23 de novembro, em Lisboa, após várias semanas internado no Hospital de S. José. Contava apenas 42 anos. No dia 25, foi sepultado pela Liga dos Combatentes no Cemitério do Alto de S. João, no Talhão dos Combatentes da I Guerra.
O seu filho, Carlos Pimenta, veio a ser também um resistente antifascista na região de Alcobaça e Leiria, distinguindo-se por uma grande participação cívica e pela defesa da liberdade e da democracia.

(Biografia da autoria de Maria João Dias, com a colaboração dos investigadores João Esteves e José António Cabrita a quem se agradecem as preciosas informações complementares sobre Manuel Pimenta. Fotografia: Manuel Santos Pimenta com a sua farda de oficial da GNR em 1921, arquivo de família)