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Manuel Francisco Rodrigues

Manuel Francisco Rodrigues
12946
Data da primeira prisão

Nasceu em Lisboa, em 12 de fevereiro de 1901, filho de Carlota da Conceição Vidal e de António Guilherme Paula Rodrigues.
Provavelmente, tratar-se-á de Manuel Francisco da Silva, “O ação direta”, que já fora preso durante a 1.ª República.
Partidário das ideias anarquistas e cristãs, viajou por vários países de Europa e, em 1936, estava refugiado em Espanha, onde colaborava com os anarquistas locais e a Federação Anarquista Portuguesa, para além de professor em Mislata (Valência) e Barcelona (1937-1939).
Quando os nacionalistas de Francisco Franco desencadearam o golpe militar contra a República, lutou ao lado dos republicanos, tendo sido ferido e perdido a visão do olho esquerdo. Perante o avanço dos nacionalistas, atravessou, com o sogro, o anarquista José Rodrigues Reboredo, a mulher, Maria Aurora Rodrigues, e a filha pequena, Aurora Rodrigues, os Pirenéus, refugiando-se em França, onde seria internado nos campos de concentração de Argelès-Sur-Mer e, depois, no de Gurs.
De regresso a Portugal, com passaporte passado pelo Consulado de Toulouse, datado de 15 de novembro de 1940, foi detido em 15 de dezembro do mesmo ano, no Posto de Beirã, Marvão, juntamente como o sogro, e levado, no dia seguinte, para a 1.ª esquadra. Seguir-se-á o Aljube, em 20 de dezembro, Caxias, em 21 de fevereiro de 1941, e Peniche, em 2 de julho.
Em 4 de setembro de 1941, seria deportado para o Campo de Concentração do Tarrafal, sem qualquer julgamento ou justificação, a não ser a acusação genérica de se tratar de um “perigoso anarquista”.
Considerando-se vítima de um engano, escreveu missivas às diferentes entidades, incluindo o Bispo de Cabo-Verde, sem qualquer sucesso.
Regressou em 20 de fevereiro de 1945 e foi libertado.
Durante a ausência forçada, a mulher, então com mais uma criança, Maria, desdobrou-se em vários trabalhos, sendo vitimada pela tuberculose. Manuel Francisco Rodrigues passou a residir no Porto, cidade onde casou, em 1946, com Lucília Branca Dias. Solicitou, em 1952, uma revisão do seu processo a fim de poder exercer a profissão de professor no ensino oficial, mas não conseguiu descobrir quem fora o responsável pelos anos de encarceramento, tanto mais que nunca houvera qualquer condenação. Simultaneamente, fez traduções e colaborou no associativismo local, nomeadamente com a Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto. Apoiou, em 1958, a candidatura presidencial de Humberto Delgado e, entre 1963 e 1965, lecionou no Liceu de Chaves.
Escreveu, entre outros livros (ver abaixo galeria das capas), “Tarrafal, aldeia da morte - O Diário da B5”, testemunho sobre os seus três anos e meio de deportação, editado em 1974, escassos meses após o 25 de abril. Faleceu em 28 de setembro de 1977, no Porto, praticamente invisual.