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Manuel Henriques Rijo

Manuel Henriques Rijo
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Data da primeira prisão

Nasceu em Arruda dos Vinhos, em 27 de maio de 1897, filho de Maria da Conceição Rijo e José Henriques Rijo.
Empregado de Escritório dos Caminhos de Ferro Portugueses, envolveu-se desde muito novo na ação sindical, sendo um dos anarquistas mais em evidência nas primeiras décadas do século XX, com ação de destaque na Confederação Geral do Trabalho, no jornal A Batalha e na preparação da greve de 18 de janeiro de 1934.
Começou como factor na estação de Santa Apolónia e, em 1920, está referenciado como “agitador dos ferroviários da C.P, fazendo parte da Delegação do Sindicato de Ovar”; no ano seguinte, participou, com Mário Castelhano, na greve de 1921. Delegado aos Congressos Operários de 1922 e de 1925, onde subscreveu várias teses, entre as quais “Condições de trabalho nas colónias” e “A defesa das mulheres e menores no trabalho”. Em 1926, entrou, com Mário Castelhano, para o Conselho Confederal de CGT, em representação da Federação Ferroviária e, depois, para o seu Comité Confederal, assumindo a administração de “A Batalha”.
Na sequência do 28 de maio de 1926, foi preso em 6 de junho de 1927, “por ser anarquista” e, em 26 de outubro do mesmo ano, “por conspirar contra a Ditadura Militar, por ser conhecido como elemento avançado e ainda por ser ele e Mário dos Santos Castelhano os principais orientadores do movimento extremista”.
Deportado, em 15 de novembro, para África, seguiu, primeiro para Angola, onde terá permanecido cerca de três anos em Novo Redondo. Em 1931, estava com residência fixada no Arquipélago dos Açores, na ilha do Pico, tendo, em 26 de fevereiro, o Ministério do Interior autorizado o seu regresso. No entanto, terá permanecido no Arquipélago, envolveu-se na Revolta das Ilhas, despoletada pela Madeira em abril e só voltou, em junho de 1931, ao Continente.
Começou a trabalhar como escriturário no Sindicato dos Manipuladores de Pão, reassumiu o seu papel no Comité Confederal da CGT e, em abril de 1933, aparece descrito pelas autoridades policiais como “anarcossindicalista militante”, encontrando-se fugido. Em julho de 1933, foi incumbido pela CGT de formar um Comité de Ação e seria considerado um dos principais responsáveis pela organização do movimento que levaria à greve de 18 de janeiro de 1934. Fracassada esta, não foi logo detido, acabando preso, por denúncia, no dia 15 de agosto. Levado, incomunicável, para uma esquadra, passou, em 12 de setembro, da 4.ª esquadra para a Cadeia do Aljube, com a indicação de ser “chefe anarquista na revolução de 18 de janeiro”.
Os seus “Autos de Declaração” datam de 10, 18, 19 e 21 de setembro e, em 23 de março de 1935, foi Julgado pelo Tribunal Militar Especial: condenado em sete anos de desterro, multa de catorze mil escudos e perda dos direitos políticos por dez anos, seguiu, em 23 de abril, para a Fortaleza de S. João Batista, em Angra do Heroísmo. Em março de 1936, o seu filho, Adelino Vieira Rijo, requereu que lhe fosse fixada residência no Continente, que foi indeferido por despacho do Ministro do Interior do dia 24 do mesmo mês.
A 23 de outubro de 1936, embarcou para Cabo Verde, com destino ao Campo de Concentração do Tarrafal. Escreveu no Campo de Concentração do Tarrafal um esboço biográfico de Mário Castelhano, aí falecido aos 44 anos. Regressou em 20 de fevereiro de 1945 e libertado na mesma data. Faleceu em agosto de 1974, com 77 anos de idade.