Nasceu em Silves, em 27 de julho de 1906, filho de Catarina da Conceição e de José Pessanha.
Corticeiro, a residir e a trabalhar em Silves, teve intervenção ativa na organização da greve local de 18 de janeiro de 1934, integrando a fação anarcossindicalista: em declarações ao Diário de Lisboa, de 5 de janeiro de 1980, declarou que anarquistas e comunistas colaboraram, em Silves, na sua preparação, fazendo parte com o comunista Abatino da Luz Rocha, entre outros, do comité que assegurava a ligação com Lisboa.
Além de participar em diversas reuniões, arranjou seis bombas que trouxera de Lisboa e que, em determinado momento, pediu a António Estrela para as guardar. No dia aprazado, cuja confirmação obtivera de véspera através de telegrama, cifrado, da Confederação Geral do Trabalho, forçou a entrada na Associação de Classe Corticeira, entretanto encerrada pelas autoridades do Estado Novo, onde terá hasteado a sua bandeira, e percorreu as fábricas de Silves a incitar os operários à greve, tendo facilmente conseguido mobilizá-los. Ver anexo.
Fracassado o movimento, fugiu para a serra, esteve, temporariamente em Espanha e, depois, fixou-se, durante uns meses, até ser detido, numa vila do Alentejo. Julgado pelo Tribunal Militar Especial em 4 de junho de 1934 e condenado em doze anos de degredo, com prisão, e multa de vinte mil escudos, ficando à ordem do Governo
Embarcou, em 23 de setembro, no vapor “Carvalho Araújo”, a fim de ficar encarcerado na fortaleza de S. João Batista, em Angra do Heroísmo e, um mªes depois, foi enviado para o Campo de Concentração do Tarrafal. Abrangido pela amnistia estabelecida pelo Decreto-Lei n.º 35.041, de 18 de Outubro de 1945, regressou a Lisboa, no paquete “Guiné”, em 1 de fevereiro de 1946, saindo em liberdade. Regressou a Silves, retomou a sua profissão de quadrador, trabalhando em diversos fabricos e fábricas, e abandonou a atividade política. Retomou-a após o 25 de Abril de 1974, ao filiar-se no Partido Socialista, e faleceu em 18 de fevereiro de 1985, em Silves.
Ver em anexo: Diário de Lisboa de 05-01-1980 sobre "O 18 de Janeiro em Silves", da autoria de Alberto Canana
