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Maria Palmira Tito de Morais

Maria Palmira Tito de Morais

Maria Palmira Tito de Morais nasceu em Lisboa, a 24 de fevereiro de 1912, filha de Carolina de Antas de Loureiro de Macedo e do almirante Tito Augusto de Morais, herói do 5 de outubro de 1910. 
A par dos estudos escolares, Palmira termina em 1935, com 23 anos, o curso superior de Canto do Conservatório Nacional. Pretende estudar enfermagem, mas não encontra em Portugal nenhuma instituição que lhe assegure uma formação superior adequada. Obtém uma bolsa de estudo da Fundação Rockfeller que lhe permite cursar na Case Western Reserve University, Cleveland, Ohio, nos Estados Unidos da América, onde alcança, em 1938, o diploma de Enfermagem, especializando-se, no ano seguinte, em enfermagem de Saúde Pública, na Universidade de Toronto, Canadá.
Em setembro de 1939, é nomeada pela Direcção-Geral de Saúde para integrar a equipa fundadora do Centro de Saúde de Lisboa.
Como escreveu Palmira Tito de Morais, “o Centro de Saúde foi criado em julho de 1939 e veio revolucionar os cuidados de saúde em bairros carenciados da capital, sobretudo com instalação de postos de proteção à infância e de dispensários de higiene social"
Em 1940, foi nomeada professora de Enfermagem de Saúde Pública na Escola Técnica de Enfermagem, que ajuda a constituir.
Após a criação do MUD (Movimento de Unidade Democrática), integrou a respetiva Comissão Feminina e desenvolve intensa ação política, participando também na Associação Feminina Portuguesa para a Paz e na campanha eleitoral da candidatura do general Norton de Matos à Presidência da República – “comigo estavam mulheres como Maria Isabel Aboim Inglez, Maria Lamas, Elina Guimarães e tantas outras.”
A 14 de fevereiro de 1949, o governo fascista demite-a do Centro de Saúde de Lisboa, em que era responsável pela administração dos serviços de enfermagem de Saúde Pública Centro, pela formação dos estudantes de Enfermagem e participante direta em trabalhos de investigação no campo da Saúde Pública, realizados pelo Centro.
Um ano depois, a 13 de fevereiro de 1950, o então ministro da Educação Nacional, Fernando Pires de Lima, despacha no sentido de a impedir de exercer quaisquer funções na Escola Técnica de Enfermagem, no Instituto Português de Oncologia e em todos os outros organismos do Estado.
A perseguição de que é vítima não a impede de obter, em 1951, a licenciatura em Ciências Históricas e Filosóficas, pela Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa, onde foi colega de outro militante do MUD, mais novo que ela, Mário Soares.
Em agosto desse ano é convidada para o integrar o quadro permanente dos Consultores da OMS (Organização Mundial de Saúde), em Genebra. 
Na qualidade de consultora da OMS desempenha missões em Países do Médio Oriente, Extremo Oriente, América Central, América do Sul, Norte de África e Europa (Ocidental e Oriental). A sua ação é exercida, em especial, no campo da pedagogia da enfermagem, administração de institutos de ensino superior e universitários de enfermagem e formação de investigadores e professores. 
Em 1959, defende o mestrado (Master of Arts) em Pedagogia Social, na Universidade de Columbia de Nova lorque, EUA.
Organiza e participa em numerosas reuniões da OMS sobre enfermagem, educação médica e administração de saúde pública e representa a Organização em numerosas reuniões internacionais. Realiza palestras em instituições académicas e de ensino superior politécnico.
Permanece na Organização Mundial de Saúde até 1972, quando se reforma.
Após a sua aposentação da OMS, é consultora do Conselho Mundial de Enfermeiras, da Federação Internacional de Associações e de Sindicatos de Enfermagem com filiações em países localizados nos Cinco Continentes.
Só regressa, definitivamente, a Portugal em 1977, sendo reintegrada no seu antigo cargo de professora da Escola Técnica de Enfermagem – que exercerá até 1982.
Em 1984, participa, temporariamente, como consultora dos Ministérios da Saúde e da Educação nos trabalhos de integração do ensino da Enfermagem no sistema de educação nacional e no estabelecimento do ensino superior de enfermagem.
Irmã do dirigente socialista Manuel Alfredo Tito de Morais, desenvolveu atividade política no Partido Socialista.
Em 1980, foi-lhe conferido o grau de Grande oficial da Ordem do Infante D. Henrique e, em 1987, o grau de Comendador da Ordem da Liberdade.
Em 1991, recebeu o prémio da Associação dos Antigos Alunos do Colégio de Professores da Universidade de Columbia de Nova Iorque, pela sua ação no campo da Educação em Enfermagem a nível internacional.
Maria Palmira Tito de Morais era uma mulher culta e de sólidos princípios democráticos, com um grande sentido de humor e grande profissionalismo, que muito contribuiu para a formação e dignificação da Enfermagem.
Publicou diversos artigos em jornais e revistas científicas sobre o papel da enfermagem e cuidados de saúde.
Faleceu a 10 de março de 2003.

REFERÊNCIAS
Agradecimentos a Maria Teresa Tito de Morais Mendes e a Helena Pato.
Elementos biográficos disponibilizados por seus familiares e Associação Tito de Morais.