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Sebastião dos Ramos Viola Júnior

Sebastião dos Ramos Viola Júnior
11333
Data aproximada da primeira prisão
janeiro 1934

Nasceu em Silves, em 12 de janeiro de 1915, filho de Aldegundes Conceição Viola e de Sebastião Ramos Viola. Estudou em Silves, cidade onde concluiu o curso comercial, organizou as Juventudes Comunistas e integrou a Associação dos Empregados no Comércio. Preso na sequência da greve de 18 de janeiro de 1934, seria libertado devido ao presidente daquela Associação se ter responsabilizado pelo encerramento das instalações no dia da greve geral.
Mesmo assim, a sua atuação fora notada e, com 19 anos, teve de partir para o Barreiro, mantendo contatos com o Partido Comunista que, no ano seguinte, o enviou para a escola de formação de quadros da Internacional Comunista, em Moscovo, onde chegou, via Paris, em 10 de maio de 1935, e se passou a chamar “Balo Cristo”. Regressou a Portugal em meados de 1938, mais uma vez via Paris, e entrou na clandestinidade, adotando o nome “Cristóvão”.
De todos os estudantes que estiveram na União Soviética, foi o último a ser preso, o que sucedeu em 27 de maio de 1939, “para averiguações”, tendo-lhe sido apreendido materiais das Juventudes Comunistas Portuguesas. Levado para a Cadeia do Aljube, seria transferido, em 25 de julho, para o Depósito de Presos de Caxias, constando no seu registo prisional, a vermelho, o seguinte texto: “Foi preso na referida data por ser um elemento comunista militante. Foi-lhe apreendida grande quantidade de material de propaganda subversiva pertencente à organização das Juventudes Comunistas Portuguesas. A atividade subversiva desenvolvida pelo epigrafado dentro daquele organismo clandestino, levou a autoridade administrativa do concelho de Silves, há aproximadamente 5 anos, a expulsá-lo daquele concelho. Embora durante as investigações tenha procurado ocultar a verdade sobre os factos de que é acusado, verifica-se claramente que o epigrafado faz parte de um núcleo de extremistas que estavam exilados em França e que ultimamente se tem internado clandestinamente em Portugal, a fim de reorganizarem todos os escalões da organização extremista.
Negou tudo durante os interrogatórios, tendo sido transferido, em 11 de setembro de 1939, para o Aljube e, no dia 19, sem julgamento, embarcou para Cabo Verde, com destino ao Campo de Concentração do Tarrafal. Permaneceu setenta e cinco meses preso preventivamente, conheceu a “frigideira” e, apesar das várias diligências, a família, acompanhada do seu advogado, não foi autorizada a visitá-lo no Campo.
Libertado em 13 de novembro de 1945, por ter sido abrangido pela amnistia do decreto nº 35.041, fez a sua apresentação na sede da PIDE em 6 de dezembro e voltou, temporariamente, para Silves. Mudou-se para Lisboa, onde trabalhou como empregado de escritório e manteve, durante alguns anos, ligação ao Partido Comunista, nomeadamente através de Augusto da Costa Valdez. Apesar de se ter desligado da intervenção política ativa, continuou a ser vigiado pela PIDE e, em 1958, mostrou-se favorável à candidatura presidencial de Humberto Delgado. Depois de ter regressado a Silves por uma década, os últimos dezoito anos de vida foram passados no Montijo, onde montou uma fábrica de cortiça. Faleceu em 17 de janeiro de 1980, em Alcochete.