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Sérgio de Matos Vilarigues

Sérgio de Matos Vilarigues
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Data da primeira prisão

Nasceu em Routar - Torredeita, Viseu, em 23 de dezembro de 1914, filho de Emídia da Silva Matos e de António Gonçalves Vilarigues.
Cortador de carnes verdes, a cuja Associação pertencia, era militante da Federação da Juventudes Comunistas Portuguesas desde 1932, integrou, em 1933-1934, o Socorro Vermelho Internacional e terá estado envolvido em atividades relacionadas com a greve de 18 de janeiro de 1934.
Preso pela PSP de Lisboa na madrugada de 23 de setembro de 1934, junto à Rocha de Conde de Óbidos, quando andava a colar tarjetas a reclamar a libertação de um jovem camarada condenado a vários anos de prisão. Entregue à PVDE, foi levado, incomunicável, para a 20.ª esquadra, passou, em 27 de setembro, para a 1.ª esquadra, e entrou na Cadeia do Aljube em 8 de novembro.
Julgado pelo Tribunal Militar Especial em 23 de março de 1935, tendo por advogado de defesa José Magalhães Godinho, seria condenado em 23 meses de prisão correcional e transferido, em 5 de abril, para Peniche, aderindo, então, ao Partido Comunista.
Embarcou, em 8 de junho, para Angra do Heroísmo, a fim de entrar na Fortaleza de S. João Batista. Requereu, em 16 de dezembro, a mudança para uma prisão do Continente, o que foi negado, seguindo, em 23 de outubro de 1936, quando já cumprira a pena, para o Campo de Concentração do Tarrafal. Por ter sido amnistiado, regressou do Tarrafal, juntamente com Júlio Fogaça, Militão Ribeiro e Pedro Soares, em 15 de julho de 1940.
Tinha 25 anos, participou na reorganização do Partido Comunista e, depois dos seis anos de cativeiro, entrou, em 1942, na clandestinidade, de onde só saiu ao fim de 32 anos consecutivos, em 1974. Em 1943, no III Congresso, é eleito para o Comité Central do PCP, em que se manteve até 1996.
Esteve no Comité dirigente das greves de 8 e 9 maio de 1944, durante dezasseis anos, entre 1947-1954, 1955-1958 e 1966-1972, assumiu a responsabilidade pelo jornal “avante!”; órgão central do PCP e tornou regular e seguro o funcionamento do aparelho partidário de fronteira, permitindo-lhe sair e reentrar do país com frequência.
Preso uma única vez, não mais se deixou agarrar e, por isso mesmo, tornou-se um dos elos de continuidade na direção comunista, dirigindo e conhecendo todo o aparelho clandestino, para além de missões ao estrangeiro, envolvendo diversos países e continentes (Europa, América, África, Ásia).
Usou, entre outros, os pseudónimos de "Amílcar", "Guilherme" e "Victor". Por razões de segurança partidária, foi o último dirigente a regressar à legalidade depois do 25 de Abril de 1974, tendo desempenhou, até 1996, relevantes funções diretivas (Comité Central, Secretariado do Comité Central, Comissão Política, Comissão Central de Controlo).
Em 2006, participou, em Cabo Verde, nas cerimónias que assinalaram os 70 anos da abertura do Tarrafal. Faleceu em 8 de fevereiro de 2007, em Lisboa, com 92 anos de idade.