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Silvino Leitão Fernandes Costa

Silvino Leitão Fernandes Costa
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Data da primeira prisão

Nasceu em Monte Pedral, Lisboa, em 1912, filho de Maria Leitão Costa e de Francisco Fernandes Costa.
Ajudante de farmácia, com residência no Largo da Graça, integrava, desde 1931, a Federação das Juventudes Comunistas Portuguesas, onde era filiado na Célula N.º 20 e desenvolvia intensa atividade política, estando, por isso, referenciado pela polícia.
Esteve, durante alguns meses, em Montemor-o-Novo, onde terá organizado um grupo de simpatizantes e assegurava a ligação com Lisboa. De regresso à capital, por ter sido detetado, e com as prisões, em Janeiro de 1932, de Bernard Freund e de Armando Soares, participou na reorganização daquela, sendo eleito, na reunião realizada na Costa da Caparica, para o seu Secretariado, com responsabilidades no setor organizativo. Assegurou a impressão de manifestos e de boletins, procedeu à sua distribuição, garantiu as ligações com a província, para onde enviava material de propaganda, envolveu-se na organização de células dentro do Exército e integrava as chamadas “Brigadas de Choque”.
Participou, em Alcântara, na jornada de 29 de fevereiro de 1932 e seria preso em 24 de abril, na serra de Monsanto, quando assistia à demonstração de lançamento de bombas e utilização de explosivos a serem empregues na jornada do 1.º Maio. Considerado um “elemento de uma atividade extraordinária e perigosíssima”, por despacho do Ministro do Interior de 7 de julho, foi-lhe fixada residência obrigatória na Ilha Terceira, ficando a aguardar o embarque na Penitenciária de Lisboa.
Em 10 de agosto, por parecer do Diretor-Geral de Segurança Pública e concordância do Ministro do Interior, foi determinado que lhe fosse fixada residência em Cabo Verde ou Timor. Julgado pelo Tribunal Militar Especial em 20 de novembro de 1933, foi considerado que um dos processos que o envolvia estava abrangido pela amnistia concedida pelo Decreto n.º 21.943, de 5 de dezembro de 1932. Julgado novamente pelo Tribunal Militar Especial, em 20 de outubro de 1934, “acusado de, juntamente com outros, em 1932 e por diversas vezes, ter tomado parte no fabrico, transporte, detenção e uso para experiência, de bombas explosivas, em Lisboa e arredores”, seria condenado em dez anos de degredo, com prisão no local, e multa de vinte mil escudos. Por ter interposto recurso, houve novo julgamento em 3 de novembro de 1934 e o tribunal confirmou, por maioria, a sentença anteriormente aplicada.
Transferido, em 19 de dezembro, para Peniche, regressou a Lisboa em 20 de março de 1935, a fim de embarcar, no dia 23, no vapor “Carvalho Araújo”, com destino à Fortaleza de S. João Batista, em Angra do Heroísmo. Em 23 de outubro de 1936, seguiu para Cabo Verde, para o Campo de Concentração do Tarrafal. Abrangido pela amnistia estabelecida pelo Decreto-Lei n.º 35.041, de 18 de Outubro de 1945, regressou a Lisboa, no navio “Guiné”, em 1 de fevereiro de 1946, saindo em liberdade. 

Em 4 de setembro de 1993, o ex-tarrafalista Joaquim de Sousa Teixeira entregou a José Saramago um caderninho, feito de papel de sacas de cimento, da autoria de Silvino Leitão Fernandes Costa e dedicado àquele, composto de quatro partes e com dois títulos: “O que será?...” e “Coisas da vida e próprias dos homens”. O seu conteúdo encontra-se transcrito, na íntegra, em Cadernos de Lanzarote – Diário I, ed. Caminho