banner

 

Tomaz Ferreira Rato

Tomaz Ferreira Rato ou Tomaz Ferreira da Silva
ou Tomaz Ferreira da Silva
1978
Data da primeira prisão

Nasceu na Marinha Grande, em 5 de março de 1909, filho de Joaquina da Silva e de Firmino Ferreira Rato. Ainda criança, começou a trabalhar como vidreiro em São Paulo, no Brasil, para onde o pai levara a família em 1911.
Regressou a Portugal no início da década de 20, continuou a trabalhar na indústria vidreira e, posteriormente, tornou-se ferroviário da CP, sendo colocado, primeiro, em Castro Verde e, depois, passou a Chefe de Estação em Torres Vedras.
Militante comunista, com ligações preferenciais a Bento Gonçalves, José de Sousa, Manuel Rodrigues da Silva e Manuel Vieira Tomé, participou no sindicalismo ferroviário até ser preso em 1 de novembro de 1935 e levado para uma esquadra, dando início a um rodopio entre as diferentes prisões políticas: Delegação do Porto (12 de novembro), Peniche (22 de dezembro), esquadra (15 de abril de 1936), Aljube (16 de maio) e, novamente, Delegação do Porto da PVDE (28 de maio).
Julgado pelo Tribunal Militar Especial em 23 de junho de1936: condenado em 20 meses de prisão correcional, foi transferido, no dia 30 desse mês, para Peniche e, em 14 de outubro, foi levado para Caxias a fim seguir, no dia 18, para o Campo de Concentração do Tarrafal, em Cabo Verde, quando lhe faltava cumprir menos de um ano de prisão e onde permaneceu mais de nove anos deportado.
Integrou o grupo de cinco presos que procurou evadir-se do Campo, mas seria capturado ao fim de uma semana a deambular pela ilha, esfarrapado, a cair de cansaço, de fome e de sede. Abrangido pela amnistia estabelecida pelo Decreto-Lei n.º 35.041, de 18 de Outubro de 1945, regressou a Lisboa, no paquete “Guiné”, em 1 de fevereiro de 1946, saindo em liberdade.
Voltou à atividade política e seria de novo preso em 10 de outubro de 1947, pela Delegação de Coimbra da PIDE. Transferido, no dia seguinte, para Lisboa, foi submetido às torturas do sono e da estátua, acompanhadas de chantagem psicológica envolvendo a mãe e a companheira, então grávida. Reingressou no Aljube em 14 de outubro e, em 5 de dezembro, em Caxias.
Julgado pelo Tribunal Plenário de Lisboa em 1 de junho de 1948, seria condenado em 2 anos de prisão maior celular ou em 3 de degredo. Por decisão da Direção Geral dos Serviços Prisionais, seguiu para Peniche, de onde foi libertado em 16 de agosto de 1950.
Passou a residir no lugar de Ordem, Marinha Grande, localidade onde abriua  Papelaria Central Marinhense, com a ajuda do advogado José Henriques Vareda. Sob a ameaça de nova prisão, exilou-se em França, onde a sua casa, no Quartier Latin, rue Saint André des Arts, 29, se tornou um local de acolhimento seguro para os muitos jovens que saíam “a salto” de Portugal. Tornou-se, ainda, correspondente do jornal “Portugal Democrático”, publicado em São Paulo, e é um dos exilados que regressa, temporariamente, a Portugal logo a seguir ao 25 de Abril de 1974. Retornou à Marinha Grande em 1981 e escreveu, no periódico “O Correio”, textos sobre o Campo do Tarrafal. Casou, em 1951, com Palmira Rato e faleceu em 3 de agosto de 1998, com 89 anos.
Em 2016, o filho Carlos Rato publicou em França um livro sobre a sua família, a emigração portuguesa e o seu desenraizamento, com o título “De nulle part nous ne sommes et nous sommes ici”, “talvez o único documento em francês em que se fala detalhadamente do Campo do Tarrafal”.