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Os dias da revolta - Breve cronologia

Data
Fevereiro de 1927


Apontamentos cronológicos com referência ao jornal "Diário de Lisboa" de 14 de fevereiro de 1927

3 de fevereiro, quinta-feira
05.00 - Sublevação de parte da guarnição militar do Porto, acompanhada pela GNR de Penafiel.
Manhã - A guarnição militar da Figueira da Foz junta-se aos revoltosos - sendo dominada por forças governamentais em Cantanhede.
08.00 - O ministro da Guerra, coronel Passos e Sousa, parte de comboio para o Norte, sendo substituído em Lisboa pelo ministro das Finanças,general Sinel de Cordes.
13.30 - Chegada a Aveiro do ministro da Guerra, que procede à concentração de forças militares e faz avançar para o Porto vários destacamentos militares.
17.00 - Vila Nova de Gaia está na posse do governo, enquanto o ministro da Guerra segue para a Serra do Pilar. No centro do Porto, os revoltosos militares e civis tomam posição e levantam barricadas, enquanto a artilharia da Serra do Pilar inicia o bombardeamento da cidade do Porto.
18.00 - Em Lisboa, "medidas preventivas e sossêgo". No Porto, "fuzilaria constante".

4 de fevereiro, sexta-feira
08.00 - Na ponte D. Luís, recontros entre forças revoltosas e governamentais.
08.30 - Chegam de comboio à estação da Campanhã forças de infantaria e artilharia de Amarante que se juntam aos revoltosos.
10.00 - As forças de artilharia da ditadura, instaladas na Serra do Pilar, continuam a bombardear o centro do Porto.
13.00 - Chegam notícias de sublevações militares em Faro e Tavira e regista-se uma revolta na canhoneira "Bengo".
13.30 - As forças governamentais instalam o seu quartel general em Gaia.
17.00 - Forças revoltosas de Tavira alcançam Faro.
21.20 - A canhoneira "Bengo" faz fogo sobre a cidade de Faro
Durante o dia e a noite - No Porto, continuou o fogo de artilharia das forças fiéis ao governo, tentando quebrar a resistência dos revoltosos. Em Lisboa, o governo mostra-se otimista. E suspendeu "jornais desafectos à situação".

5 de fevereiro, sábado
06 - Em Lisboa, os trabalhadores da Companhia dos Caminhos de Ferro do Sul e Sueste decretam greve.
Manhã - Em Faro, as tropas governamentais liquidam a resistência dos revoltosos
12.00 - A canhoneira "Bengo" faz-se ao mar, conduzindo o comandante revoltoso, tenente Fernandes Costa.
Durante o dia - No Porto, continua o fogo cruzado dos dois campos, com primazia para a s forças governamentais. As pontes são "terra de ninguém". Em Lisboa, o governo lança "medidas preventivas" para manter o "socego".
Durante a noite - No Porto, embora as forças da ditadura apertem o cerco, os revoltosos mantêm as suas posições.

6 de fevereiro, Domingo
De manhã - No Porto, chegam ao reduto governamental do Bom Pastor tropas idas de Braga e de Viana do Castelo.
09.30 - Contactos telefónicos dos revoltosos com o ministro da Guerra.
Durante a manhã - As tropas governamentais bombardeiam fortemente o Porto, com resposta enfraquecida dos revoltosos. Em Lisboa, o governo afirma que "os revoltosos não foram ainda submetidos",
12.00 - Na Praça da Batalha, os revoltosos recebem reforços de Caçadores 7, vindos de Valença. As tropas do governo continuam os bombardeamentos.
13.30 - Três delegados dos revoltosos chegam a Vila Nova de Gaia, vendados. Regressam após recusa das condições de rendição apresentadas pelo governo.
15.00 - No Porto, enquanto as forças governamentais intensificam os bombardeamentos, alguns contingentes atravessam o rio e entram na cidade.
15.30 - O navio "Infante de Sagres" segue de Lisboa para o Porto com tropas fiéis ao governo.
Durante a noite - Agrava-se a situação na cidade do Porto, com deflagração de diversos incêndios provocados pelos bombardeamentos.

7 de fevereiro, segunda-feira
De noite e madrugada - continuam os combates no Porto.
10.00 - Em Lisboa, revoltam-se forças militares da Marinha, GNR, polícia e civis.
Durante a tarde - Em Lisboa, os revoltosos tomam o Arsenal da Marinha e o Quartel dos Marinheiros, ocupando posições no Bairro Alto e no Rato (ao tempo, designada Praça Brasil).
15.00 - Em Lisboa, as forças militares governamentais concentram-se junto à Penitenciária, no alto do parque Eduardo VII.
À noite - As forças militares fiéis ao governo intensificam o fogo sobre as posições revoltosas.
Durante o dia e a noite - Continuam os combates no Porto, "mantendo-se os revoltosos, apesar de acusarem abatimento. No resto do país, sossêgo."

8 de fevereiro, terça-feira
03.00 - Últimos tiros da artilharia governamental.
03.15 - Os revoltosos comunicam por telefone ao ministro da Guerra a sua rendição.
07.00 - Entram na cidade do Porto forças governamentais.
09.00 - Os revoltosos desarmados descem a rua 31 de Janeiro.
09.30 - As tropas governamentais, comandadas pelo ministro da Guerra, entram no Porto pela ponte D. Luís.
Durante o dia e a noite - Em Lisboa, as tropas governamentais continuaram os bombardeamentos intensivos sobre as posições ocupadas pelos revoltosos. O largo do Rato foi um dos locais de combates mais violentos. O dirigente republicano e combatente da I Guerra Américo Olavo é abatido a tiro na sua casa, na Rua de Sant’Ana à Lapa, por militares afectos ao regime durante uma busca à sua residência.

9 de fevereiro, quarta-feira
De manhã - Os revoltosos resistem no Rato e no Arsenal da Marinha, enquanto as forças governamentais, já comandadas pelo ministro da Guerra, vindo Porto, recrudescem os bombardeamentos a partir do Alto de Campolide, do Torel e do Castelo de S. Jorge. O cruzador "Carvalho Araújo", que apoiava os revoltosos, foi atacado e rendeu-se.
17.30 - As tropas governamentais bombardeiam violentamente o Arsenal da Marinha, utilizando também a aviação.
20.00 -  "Telefonema de rendição dos revoltosos"
Durante a noite - O governo "retoma a posse da cidade. Prisões e medidas preventivas. Termina a semana sangrenta."

 

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