No rescaldo da revolta de 26 de agosto de 1931, uma escassa semana depois, a imprensa do regime - designadamente, o "Diário da Manhã" - anuncia vitoriosa a deportação para a longínqua colónia de Timor de 380 presos políticos, cuja lista se publica, tal como foi anunciada naquele órgão de imprensa.
Chamamos a atenção para o facto de não se possuir confirmação exata de todos os nomes constantes dessa lista e também se não conhecer o destino de muitos outros presos.
Aliás, o "Diário de Lisboa" dessa mesma data publicita números diferentes, conforme se pode ver no respetivo título publicado neste Memorial.
Vale a pena seguir aquela edição do "Diário da Manhã" quando descreve "o embarque dos presos implicados nos últimos acontecimentos":
Às 22 horas do dia 1 de setembro, chegaram à Penitenciária 3 companhias de infantaria e um pelotão de cavalaria da GNR, sob o comando do cap. Amaral, que patrulharam o parque Eduardo VII e ruas circunvizinhas;
"Às famílias dos presos foi facultada a troca de bilhetes e cartas, recebendo os guardas da Penitenciária todas as encomendas, roupas e bagagens, que aos mesmos presos se destinavam" - "pouco antes das 23 horaas, as famílias dos presos foram convidadas a retirar-se."
Entretanto, os "ex-oficiais revolucionários" seguiram para o cais de Belém em automóveis.
À meia noite, sob o comando do cap. Galhardo, chegaram à Penitenciária 7 camiões do Exército, para o transporte dos presos civis e dos sargentos, seguindo, sob escolta policial, pela rua Marquês de Fronteira, Arco do Carvalhão, rua Maria Pia, Alcântara e Avenida da Índia, até atingirem o cais de Belém. Junto à passagem de nível da linha do Estoril, estacionavam forças de infantaria e cavalaria da GNR e um contingente da PSP.
O embarque foi dirigido pelo cap. Guerra da GNR e, no exterior, pelo comissário da Polícia, cap. Maia Loureiro.
"Estavam ainda presentes ao embarque os srs. major Castilho, 2.º comandante da PSP, capitão Lourenço (que viria a dirigir a PVDE e a PIDE) e outros oficiais."
Às 2 da manhã, iniciou-se o embarque dos oficiais e sargentos e, pelas 3 horas, chegaram "as primeiras camionetas com os presos civis" - e acrescenta aquele jornal: "na primeira vinham destacados elementos comunistas". Quando pretendiam fazer discurso aos soldados, o capitão Tarrinho dirigiu-se aos soldados nestes termos: Quando ouvirdes palavras loucas, tapai os ouvidos. Só aos vossos oficiais deveis atenção e obediência!