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Augusto da Costa Valdez

Augusto da Costa Valdez
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Data da primeira prisão

Nasceu em Almada, em 1 de fevereiro de 1914, filho de Filomena do Carmo Costa Valdez e de Francisco Valdez.
Empregado de escritório, era militante do Partido Comunista desde 1934 e evidenciou-se, na segunda metade da década de 1930, nomeadamente na montagem de tipografias clandestinas em Algés, Lisboa e zona das Caldas da Rainha.
Preso em 15 de maio de 1935, “por político”, foi levado, incomunicável, para uma esquadra e, em 28 de maio, passou da 1.ª esquadra para o Aljube. Transferido, em 22 de junho, para Peniche e, em 18 de outubro, novamente para a 1.ª esquadra, foi libertado no dia seguinte, por haver terminado a pena de cinco meses de prisão correcional imposta pelo Tribunal Militar Especial.
Entrou na clandestinidade, onde permaneceu cerca de dois anos. Preso em 13 de janeiro de 1938, “por fazer parte da organização comunista”, ficou, incomunicável, numa esquadra. Tinha, então, responsabilidades numa tipografia montada em 1937 e a funcionar na Avenida Sacadura Cabral, a qual envolvia, ainda, Adelino Mendes, Luísa Chagas Costa e Lino dos Santos Coelho.
Julgado pelo TME em 2 de abril e condenado em quatro anos de prisão e perda dos direitos políticos por dez anos, entrou no Aljube em 4 de junho e seguiu, em 22 de julho, para o Forte de Peniche, de onde tentou a fuga por mar no barco do jovem Saúl Gonçalves, juntamente com Artílio Baptista e Veríssimo Sim-Sim. Apanhado no mesmo dia, já longe do forte, tal como os outros dois companheiros, seria espancado e torturado e transferido, em 23 de novembro, para Caxias, “ficando em regime de isolamento e sem visitas por ter preparado e levado a efeito a evasão de Peniche em 18 do corrente, sendo recapturado no mesmo dia”.
Por decisão do Diretor da PVDE, Agostinho Lourenço, deveria ficar em regime de isolamento durante nove meses, até ser julgado e deportado para Cabo Verde.
Evadiu-se do Forte de Caxias em 19 de março de 1939, juntamente com Francisco Miguel, depois de serradas as grades e cortada a iluminação, e refugiou-se em casa de Campos Lima, militante anarquista.
Voltou a ser preso em 27 de maio, juntamente com Luísa Paula e Aida Paula, na tipografia clandestina de Algés, onde vivia e assegurava a ligação com o Comité Central. Levado para o Aljube, seria transferido três semanas depois, em 20 de junho, para o Campo de Concentração do Tarrafal, com a seguinte anotação, a vermelho, no Registo Geral de Presos (RGP/1004): “Do seu cadastro consta… Andar fugido à ação desta Polícia e continuar a desenvolver grande atividade revolucionária, quando novamente foi preso, trabalhava na tipografia clandestina do partido comunista Português, onde terá composto e impresso o jornal “Avante”, e outro material de propaganda subversiva. É um perigoso agitador”.
Abrangido pela amnistia estabelecida pelo Decreto-Lei n.º 35 041, de 18 de Outubro de 1945, regressou a Lisboa, no navio “Guiné”, em 1 de fevereiro de 1946, saindo em liberdade.
De regresso do Tarrafal, embora com a saúde muito debilitada, participou no IV Congresso do Partido Comunista, realizado em final de julho desse ano, juntamente com outros ex-tarrafalistas, como Francisco Miguel, Gilberto de Oliveira, Júlio Fogaça e Militão Ribeiro, e voltou a trabalhar, em julho de 1947, nas tipografias clandestinas, abandonando este tipo de atividade em 1948. Cândido de Oliveira, outro antigo Casapiano e tarrafalista, deu-lhe emprego no jornal “A Bola”, fundado em 1945, onde foi o primeiro Chefe de Redação. Preso pela última vez em 1 de julho de 1959, “por atividades subversivas”, entrou no Aljube e foi libertado no dia 14. Casapiano, faleceu em 1988.