banner

 

Daniel Joaquim Campos de Sousa Teixeira

008042
28074
Data da primeira prisão

Daniel Joaquim de Sousa Teixeira nasceu a 29 de março de 1946, filho de filho de José de Sousa Teixeira e Maria Madalena Vieira Campos de Sousa Teixeira, católicos praticantes.
Daniel era o quarto de cinco irmãos. Estudarem no Colégio de São João de Brito. Daniel estudou depois no Seminário dos Olivais. Viveu intensamente os dilemas da sua geração, dividido entre ideais católicos familiares, que via constantemente negados pelas práticas da classe média alta lisboeta, afeta ao regime, de que fazia parte a sua família. Questionou a guerra colonial, sendo ele próprio de origem moçambicana, embora tenha chegado a pensar em alistar-se como voluntário nas Forças Armadas, mas acabou por deixar o Seminário e ir estudar para Lovaina. 
Padecia de asma desde criança, mas era saudável e atlético.
O seu espírito voluntarista e apego aos princípios levou-o a juntar-se à LUAR- Liga de Unidade e Acção Revolucionária, dirigida por Hermínio da Palma Inácio, e participar ativamente na organização da operação de tomada da cidade da Covilhã, programada para o fim do verão de 1968.  
Na Bélgica, namorou com Mieke Kiebooms, belga, com quem partilhava ideais políticos (Mieke Kiebooms viria a participar também da operação que levou à prisão e morte de Daniel). 
Daniel entrou no país clandestinamente no início de agosto para alugar um automóvel no Porto e depois transportar homens, armas e outros materiais e materiais para a zona da Covilhã a partir de zonas inóspitas da fronteira, na área de Trás-os Montes. 
Na sequência de um acidente de viação, Daniel Teixeira foi preso na zona de Monsanto, Idanha-a-Nova, a 21 de agosto de 1968 e acusado de atividades contra a segurança do Estado.
Hermínio da Palma Inácio, Fernando Pereira Marques e outros companheiros foram presos na mesma altura, mas em circunstâncias diferentes, após a viatura em que seguiam ser intercetada na estrada que dá acesso a Alfândega da Fé à saída de Gouveia.
Após ser levado para a prisão de Caxias, Daniel e os restantes presos da LUAR foram violentamente torturados. Ainda assim, Daniel escreveu diversas cartas ao pai.
Teve alguns problemas com asma em Caxias, debelados com medicamentos levados pela família, e teve uma consulta com o médico da prisão.
Num postal enviado à família a 22 de outubro, Daniel afirmava que tinha “a medicação mais completa possível para uma coisa destas. Aguardo a actuação de tudo isto que sem dúvida é retardada pelo estado psíquico. Continuo evidentemente de cama.”
Na noite de 23 para 24 de outubro, um forte ataque de asma tirou-lhe a vida. Os companheiros de prisão, nomeadamente Fernando Pereira Marques, confirmam que nessa noite gritou largas horas por ajuda, que nunca foi prestada.
Em 24 de outubro de 1968, baixou ao Hospital de S.José onde faleceu na mesma data, tinha 22 anos de idade.
A sua morte provocou inúmeros protestos em Portugal e no estrangeiro e, em Lisboa, no dia 31 de outubro, realiza-se uma manifestação de protesto, violentamente reprimida. 
Em 20 de janeiro de 1969, os Hospitais Civis de Lisboa emitem, a pedido do pai, um certificado em que se pode ler: "Diagnóstico: Sem diagnóstico. Estado de mal asmático?".

Biografia com base no trabalho de Nuno de Campos (www.nequim.com)