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Pedro dos Santos Soares

Pedro dos Santos Soares
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Data da primeira prisão

Nasceu em Trigaches, Beja, em 13 de janeiro de 1915, filho de Olívia dos Santos Espinho Soares e de Luís António Soares.
O pai foi preso por três vezes, entre 1928 e 1937, esteve deportado em Moçambique (1928) e em Cabo Verde (1932) e combateu na Guerra Civil de Espanha. Frequentou o Liceu de Beja e, já em Lisboa, quando estudante universitário de Letras, aderiu, em 1933, à Federação das Juventudes Comunistas Portuguesas e integrou os Grupos de Defesa Académica.
Preso, pela primeira vez, em 9 de março de 1934, quando participava numa manifestação de estudantes contra a organização fascista "Ação Escolar Vanguarda", antecessora da "Mocidade Portuguesa", foi levado para uma esquadra e libertado no dia 14. Novamente preso, seria entregue, em 1 de fevereiro de 1935, pelas autoridades de Beja à Seção Política e Social da PVDE, por ser “um dos organizadores duma célula comunista descoberta em Beja”: recolheu à 1.ª esquadra, entrou, no dia 16, no Aljube e, em 19 de março de 1935, seguiu para Peniche.
Regressou à 1.ª esquadra em 29 de novembro a fim de ser julgado, no dia seguinte, pelo Tribunal Militar Especial. Condenado em 22 meses de prisão correcional e na perda dos direitos políticos por cinco anos, reentrou em Peniche em 3 de dezembro e, em 14 de outubro de 1936, passou por Caxias a fim de ser deportado para Cabo Verde no dia 18, com destino ao Campo de Concentração do Tarrafal. Tinha, então, 21 anos e terminara no dia 16 a pena imposta pelo TME.
Por ter sido amnistiado, regressou do Tarrafal em 15 de julho de 1940 e saiu em liberdade. Retomou os estudos na Faculdade de Letras, onde se licenciou em Histórico-Filosóficas, e prosseguiu a atividade partidária clandestina, intervindo na reorganização do Partido Comunista Português.
A terceira detenção aconteceu em 1 de agosto de 1942, “para averiguações”: levado para o Aljube, passou, em 27 de outubro, para Caxias. Julgado, mais uma vez, pelo Tribunal Militar Especial em 4 de junho de 1943, seria condenado em 4 anos de prisão correcional e perda dos direitos políticos por dez anos.
Transferido para o Aljube em 9 de junho, embarcaria no dia 12 para Cabo Verde, a fim de reentrar no Campo de Concentração do Tarrafal. Abrangido pela amnistia estabelecida pelo Decreto-Lei n.º 35.041, de 18 de Outubro de 1945, regressou a Lisboa, no vapor “Guiné”, em 1 de fevereiro de 1946 e saiu em liberdade.
Em 1947, é publicado, clandestinamente, o seu livro “Tarrafal Campo da Morte Lenta”, no mesmo ano em que partiu para Moçambique e onde permanecerá até ao início de 1950.
Membro do Comité Central do PCP desde 1953, foi preso em 5 de abril de 1954, “por atividades subversivas”: levado para o Aljube e transferido, em 22 de maio, para Caxias e posto à ordem dos Tribunais Criminais de Lisboa no dia 1 de junho. Seguiu, em 4 de agosto, para as prisões privativas da Subdiretoria do Porto da PVDE, de onde se evadiu em 3 de outubro, juntamente com Joaquim Gomes: os dois, abriram um buraco no teto da sala, chegaram ao telhado através de uma claraboia, saltaram para um quintal e fugiram pelo cemitério vizinho.
Retornou à clandestinidade, sendo preso pela Delegação do Porto em 5 de dezembro de 1958, “por ser membro do Partido Comunista Português”: transferido para Lisboa no dia seguinte, entrou no Aljube e, em 28 de janeiro de 1959, passou para Peniche, de onde se evadiu, com mais nove presos políticos, em 3 de janeiro de 1960. Não voltaria a ser detido, passando a desenvolver a sua ação política no estrangeiro, nomeadamente no âmbito da criação, em Bucareste, da Rádio Portugal Livre, de que foi diretor, em Argel, enquanto representante do Partido Comunista na Frente Patriótica de Libertação Nacional, e em Itália, na ligação aos movimentos de libertação de Angola, Guiné e Moçambique. Só regressou a Portugal após o 25 de Abril de 1974, tendo sido eleito, por escassos dias, deputado por Santarém à Assembleia Constituinte. Faleceu na madrugada de 10 de maio de 1975, juntamente com a sua companheira Maria Luísa da Costa Dias, num acidente de viação ocorrido na auto-estrada de Vila Franca de Xira, (atual A1), quando regressavam de uma reunião partidária em Benavente.