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No Tarrafal, prisioneiro

Tipologia
Memórias
Autor
Joaquim Ribeiro
Editora
A Opinião
Local Ed.
Porto
Data
1976

«Uma das convicções dos antifascistas que estiveram detidos no Tarrafal, era a esperança de que um dia alcançariam a liberdade, quer fosse por vias legais, quer por vias ilegais. Aliás, a esperança, o sonho e a ansiedade pela liberdade faziam parte do quotidiano de todos aqueles que devido a delitos políticos ou comuns se encontravam encarcerados. Cada navio que aportava ao Tarrafal, cada carta que chegava ou cada preso que dava entrada ou saía do Tarrafal era motivo de ansiedade e de sonho para os restantes. Como se referiu, foi com o despertar da Segunda Guerra Mundial e com as suas consequências que Salazar se sentiu obrigado a ir diminuindo de um modo geral a repressão, em particular no Campo de Concentração do Tarrafal. À medida que os exércitos fascistas, alemães e italianos, iam sendo derrubados pelos aliados nas diversas frentes de batalha, a atitude de Salazar e como consequência, os comportamentos dos diretores, dos carcereiros e dos guardas do Campo, diminuíram de agressividade. Foi nessa conjuntura que começaram a surgir os primeiros rumores de que os reclusos do Tarrafal iriam ser postos em liberdade, acreditando-se seriamente que o Tarrafal iria ser encerrado. De facto, nessa altura, em Janeiro de 1944, e como que justificando o boato, foram postos em liberdade os alemães, Willy e Fred, o polaco, Israelvski, o italiano Bartolini, o ex-agente da PIDE António Augusto Pires, o médico Ferreira da Costa, e ainda Cândido de Oliveira, António Guerra e outros mais.» José Soares