O PAIGC adotou, desde a sua criação, extensas medidas de propaganda da sua atividade, quer junto das populações da Guiné e Cabo Verde, quer na diáspora, quer para efeitos externos.
Logo em dezembro de 1960, o PAI - Partido Africano da Independência (Guiné e Cabo Verde), antecessor do PAIGC, iniciou a publicação do jornal "Libertação - Unidade e Luta", sediado em Conacri. Esse jornal foi o primeiro orgão de imprensa dos nacionalistas guineenses e caboverdianos e assumiu um papel de grande relevância no fortalecimento da sua organização e na definição dos seus objetivos.
A edição de textos e intervenções fundamentais, em português, mas também alguns em francês e inglês, constituiram, ao longo de toda a luta, uma ação permanente do partido, tendo em vista levar aos militantes e aos quadros as posições assumidas, transmitindo assim também informação precisa sobre acontecimentos relevantes. Essas edições, impressas em copiógrafo, circulavam também no exterior, em especial através das organizações de solidariedade. A sua divulgação assumia um papel central na propaganda do posicionamento político do PAIGC e do seu Secretário-Geral, Amílcar Cabral.
A fotografia foi outra arma importante, dando conta da realidade guineense e, em especial, das condições da luta. Elementos do PAIGC, como Luís Cabral, recorreram à fotografia para documentar momentos significativos, como foi o caso do Congresso de Cassacá. Mas o crescente impacto internacional da luta de libertação atraiu numerosos fotógrafos, de diferentes nacionalidades, que, penetrando nas regiões libertadas, conseguiram retratar a realidade da luta e dos seus protagonistas.
Merece relevo, entre vários outros, o caso da fotógrafa italiana Bruna Amico (hoje Bruna Polimeni) que, em diversas deslocações à Guiné, retratou Amílcar Cabral e outros dirigentes do PAIGC, mas também elementos das populações e das forças armadas.
Bruna Polimeni, aqui retratada em várias situações, cobriu momentos importantes da luta de libertação nacional, como foi o caso da Assembleia Nacional Popular em Madina do Boé, em que foi proclamada a independência do país. E, sobretudo, preservou todo o seu imenso espólio fotográfico - hoje tratado pela Fundação Lello e Lisli Basso. Dificilmente se poderá narrar a história da luta de libertação nacional sem recorrer às imagens de Bruna Polimeni.
O cinema foi igualmente utilizado pelo PAIGC na sua propaganda, conseguindo desse modo uma maior penetração nos meios audiovisuais. Refira-se a participação de equipas internacionais, designadamente francesas e cubanas, que registaram momentos e declarações de responsáveis da luta.
O próprio Cabral insistia, no entanto, em que deviam ser os guineenses e caboverdianos a retratar a sua realidade e, por isso, a procura de soluções para que pudessem receber a necessária formação técnica e artística e, finalmente, fossem eles a dar voz aos seus compatriotas.
Esta é a Rádio Libertação, a voz do povo da Guiné e de Cabo Verde em luta. Nós não lutamos contra o povo português. Lutamos sim para libertar a nossa terra do jugo colonial português.
As emissões da Rádio Libertação começaram a 16 de julho de 1967, apenas 45 minutos por dia, divididos em três períodos de 15 minutos.
As primeiras experiências já tinham começado em 1964, mas o emissor era muito fraco e não chegava convenientemente à Guiné nem a Cabo Verde.
Em 1966, Amélia Araújo, angolana de origem cabo-verdiana, e quatro companheiros guineenses foram enviados para uma formação de nove meses na ex-URSS. E, um ano depois, receberam da Suécia um novo emissor e um pequeno estúdio.
Além do crioulo e do português, a rádio também emitia nas línguas balanta, fula, mandinga e beafada.
Com programação variada, destacava-se o "Programa do Soldado Português", que incitava os militares à resistência e à revolta contra uma guerra que não era deles – e que lhe valeu a alcunha de “Maria Turra” – ou o programa "Comunicado de Guerra", que apresentava diariamente os combates ocorridos nas várias frentes e divulgava os nomes dos soldados portugueses mortos, ou ainda o programa “Blufo”, dirigido a crianças e jovens e que tinha como locutores alunos da Escola-Piloto do PAIGC.
Como disse Carlos Reis, "Amélia Araújo era a voz da luta através da Rádio Libertação".
Cabral saúdou o 1.º número do PAIGC Actualités - publicado em língua francesa - acentuando que "contribuirá de forma eficaz para a melhoria dessa arma importante do nosso combate multiforme contra os criminosos colonialistas portugueses: a informação sobre a nossa luta".
E assim foi, na verdade. Esse pequeno boletim informativo adquiriu rapidamente um estatuto inestimável em matéria de comunicação: curto, bem paginado, ilustrado e com textos incisivos e claros chegou aos seus destinatários, que o entenderam e apreciaram - não é por acaso que figura hoje com destaque em bibliotecas e arquivos de muitos países, como exemplo da eficácia que é possível obter com recurso a poucos meios e em duras condições de luta.
A Escola-Piloto, instalada em Conacri, editou também, a partir de janeiro de 1966 o jornal "Blufo", órgão dos Pioneiros do PAIGC. Esta iniciativa, essencialmente virada para os alunos mais novos da Escola-Piloto, permitiu chegar a muitas outras crianças das regiões libertadas, dando-lhes notícia do que se passava e ensinando mil e uma competências que lhes eram agradáveis e úteis.
A compreensão e a eficácia demonstradas pelo PAIGC e os seus dirigentes em matéria de propaganda e de utilização de variados veículos para a sua disseminação representaram uma inegável vitória sobre a propaganda colonialista que, quase sempre, se limitava a ameaçar ou a tentar corromper os seus alvos, de modo a alcançar a delação e a traição.
Cada uma destas armas - aqui vistas enquanto propaganda - representou, de facto, a crescente afirmação dos povos até aí dominados pelo colonialismo e que se levantaram pela independência e pela sua dignidade.